CHOQUE DA DEEP IMPACT E O TEMPEL 1
Na sugestiva data de 04 de Julho agora, a Agencia Espacial Americana estará acompanhando o choque de um projétil com o cometa Tempel1 a 133 milhões de quilômetros da Terra.
A Deep Impact foi lançada em 12 de janeiro deste ano na direção deste cometa. O objetivo é realizar estudos quanto à sua composição e estrutura em geral. O que eu não vi ser dito, mas creio que os cientistas americanos não deixariam passar uma oportunidade assim, é de estudar também o impacto em si, já que corremos o risco permanente de ser atingidos por um asteróide.
Um cometa é um corpo constituído de rocha e gelo que realiza uma órbita em geral bastante excêntrica em torno do Sol. Na maioria dos cometas o tempo de uma órbita completa é de centenas de anos ou quase isto. Quando um cometa se aproxima do Sol, pelo calor recebido e pelo impacto da radiação solar, tem parte de seu material volatilizado formando a cauda que o caracteriza.
Enquanto estão distantes do Sol, perdem todo o glamour com a aparência simples de um pedaço de rocha perambulando pelo espaço.
O cometa foi descoberto pelo astrônomo alemão Wilhelm Tempel em meados do século XIX. Embora o astrônomo fosse alemão a descoberta se deu em um observatório francês.
Este cometa foi descoberto enquanto passeava pela constelação de Libra próximo à estrela Zubeneschamali. Seu núcleo de rocha e gelo tem não mais do que 14 km de extensão e 4,8 km de largura e embora seja muito pouco brilhante para chamar a atenção, o fez pelo seu período.
O Tempel1 realizava uma órbita completa em torno do Sol em 5 1/2 anos e eu utilizei o verbo no tempo certo. Tudo culpa de Júpiter! Cada vez que o cometa passa próximo do planeta gigante, sua órbita se altera devido à imensa força de atração gravitacional exercida por Júpiter.
Só com os modernos recursos de cálculos e computadores é que foi possível se determinar sua órbita com mais precisão. Atualmente o Tempel1 realiza uma órbita completa em 6 anos.
Sua maior aproximação da Terra ocorreu no inicio de Maio a 109 milhões de quilômetros e embora esteja se aproximando do Sol, assim ficando mais brilhante, está se afastando de nós o que faz com que aqui não se perceba nenhum aumento de brilho.
Ele passeia na direção da constelação de Virgem, próximo à Spica e o impacto se dará quando o cometa estiver a 133 milhões de quilômetros de distancia do nosso planeta, o que equivale a pouco mais de 1 vez e meia a distancia Terra – Marte.
Um dia antes de o cometa alcançar seu periélio, ou seja, sua maior aproximação do Sol, a Deep Impact terá chegado no ponto mais próximo ao cometa, de acordo com o plano definido, lançará o projétil e fará uma manobra para se colocar em uma posição segura a 500 quilômetros de distancia do cometa.
O projétil de impacto pesa aproximadamente 370 kg, se chocará com o núcleo do cometa a uma velocidade de 37.000 km/h e abrirá uma cratera, que se estima, terá 200 m de extensão e 50 m de profundidade.
Na verdade a Deep Impact contém vários módulos, sendo 3 deles os principais. Um deles, do tamanho aproximado de um fusca carrega o componente HRI sigla em inglês para Instrumento de Alta Resolução e é composto de um telescópio de 12” (12 polegadas), um espectrômetro de Infra Vermelho e uma Câmara Digital.
O outro é o MRI, Instrumento de Resolução Média, que fornecerá uma visão geral do cometa, ou seja, uma visão angular maior.
E finalmente o projétil em si, cuja tarefa não é nada simples. Ele terá que fazer uma mira através do material brilhante que se desprende do cometa, em direção a uma estreita faixa de 4km (largura do cometa) a uma velocidade de 37.000 km/h e corrigir seu próprio curso. Dada a distância da Terra, o projétil tem que ser independente, assim possui um navegador que vai corrigindo o curso quando se fizer necessário em questão de segundos.
Porque deste impacto? Bem, cometas e asteróides podem ser considerados como objetos pré-históricos que remontam à formação do nosso sistema solar. Então qualquer informação obtida pode falar sobre nossas origens.
Além disto, o choque vai liberar pedaços de rocha e gelo e expor parte do núcleo do cometa. Será possível então saber o quão sólido ele é, qual sua composição e a sua estrutura.
Na verdade a água é o componente básico e fundamental de cometas e o Tempel1, se aproximando do Sol, perde cerca de 1,5 toneladas de água por segundo!
Interessante a natureza humana.... Voce sabia que 625.000 nomes de pessoas, cidadãos comuns, que se inscreveram tiveram seus nomes gravados em um mini CD que foi preso ao corpo do projétil que irá se chocar contra o cometa?
Pois é estas pessoas terão seus nomes vaporizados no momento do impacto e de alguma forma acham que isto as colocará mais em contato com o Universo!!
Sob meu ponto de vista, altamente discutível ...
Aliás gostaria de deixar um ponto para reflexão. Não sou contra experimentos científicos de qualquer natureza, mas acho que devemos sempre ser muito cuidadosos com as possíveis conseqüências.
Agora iremos atingir um corpo celeste. Tudo bem, é para ampliar nossos conhecimentos científicos e até poderíamos dizer para auto defesa já que estamos sujeitos a ser atingidos por um corpo celeste com conseqüências catastróficas.
Entretanto, o choque vai liberar milhares de pequenos detritos no espaço. Dizem os cientistas que serão muito pequenos e, portanto, não representando perigo de causar algum eventual dano ao nosso planeta. Quem sabe com certeza?
E penso também na “mão” humana se estendendo pelo espaço. Faz parte da natureza humana ir além, ultrapassar limites e se expandir. Mas veja o que fizemos com o planeta! Crescimento desordenado, poluição generalizada, lixo espacial em órbita, aquecimento global, desmatamento, extinção de espécies...
Sim, nada é imutável, tudo se altera, se adapta, mas será que é sempre para melhor? O que seria o melhor? A supremacia da espécie humana sobre todas as outras do planeta a qualquer custo...
Bem, agora vejo a interferência humana sobre um corpo celeste. Um cientista bem humorado disse que o dano que causaríamos ao cometa seria equivalente a dar-lhe um “olho roxo”. Será que estamos preparados para enfrentar as conseqüências desta invasão? Será que sabemos realmente o que estamos fazendo?
Não sou contra expandir horizontes e ir além, mas acho que devemos sempre ter muito cuidado em como o fazemos e se o fazemos com consciência e respeito. Talvez esteja exagerando...
Para saber mais:
https://www.uni-versus.info/
Veja o site da Nasa
https://www.nasa.gov/mission_pages/deepimpact/main/
E para saber as posições dos planetas e do cometa no Sistema Solar veja o site:
https://deepimpact.umd.edu/amateur/where_is.shtml
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