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COM AS MÃOS E O CORAÇÃO

COM AS MÃOS E O CORAÇÃO
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Quando o vi pela primeira vez, eu ainda era muito jovem e procurava ansiosa pelo meu caminho para o desenvolvimento da espiritualidade. Via a grandeza da vida no encontro da verdade mística, mas esta estava um tanto separada da vivência e da luta diária nossa aqui na Terra.
Ele era um senhor de meia-idade, conhecido por viver de forma muito simples e espiritualizada no centro de uma grande cidade. Com poucos minutos de conversa e já estava envolvida por sua vibração amorosa (e também odiosa, como dizia ele brincando) que fazia logo todos se sentirem como seus velhos amigos.
Não demorou muito e eu estava à vontade para lhe perguntar que orientação ele daria para me desenvolver, já que estava procurando o caminho da espiritualidade.
Fiquei sentada à sua frente, do outro lado de sua escrivaninha, esperando que me indicasse alguma fórmula mágica, uma iniciação em alguma fraternidade.....
Ele sorriu paciente e percebendo minha tendência, passou a explicar que tudo na vida tinha um tempo para acontecer e que em geral as pessoas, por estarem em busca de um resultado rápido deixavam de aproveitar o processo necessário que é o que realmente nos ensina as lições valiosas. Os caminhos, continuou, são muitos, mas esta é uma busca sua, individual e solitária!
Meus olhos não conseguiam se desviar daquela figura à minha frente, magra, pequena, mas com tanta sabedoria para compartilhar. Prosseguiu com sua preciosa lição dizendo, que por mais insignificante e aparentemente repetitiva que uma tarefa se apresentasse aos meus olhos a fizesse com presença e amor, pois nisto estaria o segredo para o desenvolvimento da sensibilidade e com isto ir percebendo os níveis mais sutis de energia...
Conhecer o funcionamento do corpo, se desintoxicar, apurar as nossas cinco bocas(os cinco sentidos), ser solidário consigo e com o próximo, também faziam parte de sua "receita" para trilhar no caminho da luz.
"Não adianta negar o barro, porque é com ele que posso fazer uma linda escultura", disse, sorrindo novamente e encerrando ali a primeira de muitas de suas lições de vida e amor que dele recebi.
Isto já foi há muito tempo, mas quando às vezes ainda hoje me pego querendo voar com muita pressa para as estrelas, paro, me lembro com gratidão do "meu" professor e vou procurar uma atividade para fazer com as mãos e o coração, vivenciando o presente a cada instante, para que eu consiga dar mais um passo na direção de suas luzes.

Eliane Girardi
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