Como se tornar menos dependente do uso do carro
Pesquisas de mercado e comportamentais já trazem alguns indicadores de novas tendências de estilo de vida de pessoas interessadas em serem menos dependente do uso e posse do carro. Quais seriam algumas destas novas tendências:
Escolher lugares de moradia que signifiquem rodar menos no dia a dia
Essa é a grande jogada: racionalizar os deslocamentos cotidianos, sobretudo, diminuir a distância casa-trabalho. Como? Sem dúvida o principal passo é a escolha de bairros mais centrais e que não têm característica exclusivamente residencial. Quem optar por condomínios distantes do seu local de trabalho deve saber que pagará mais caro por isso e gastará igualmente mais tempo devido aos congestionamentos. Quem faz isso, indo atrás de qualidade de vida, vai acabar percebendo que se meteu em uma grande enrascada.
Escolhas sábias para quem quer dirigir menos, ganhar mais tempo e pagar menos pelo uso do carro? Buscar as centralidades urbanas: bairros que aglutinam o uso residencial com as conveniências de varejo, serviços, escritórios, escolas, academias de ginástica, supermercados, estações de metrô, melhores serviços de táxis e transportes públicos, etc. Estes deverão ser os territórios mais disputados das décadas à frente.
Centralidades urbanas de alto nível como Higienópolis, em São Paulo; Leblon, Ipanema, Copa, Flamengo no Rio de Janeiro, Savassi em BH deverão começar a atrair de volta os moradores que foram respectivamente para Alphaville, Barra da Tijuca, Nova Lima para morar em subúrbios remotos onde predominam os condomínios fechados. Novas centralidades deverão ser sendo progressivamente desenvolvidas ou revitalizadas. Lugares com baixa densidade populacional serão viáveis em termos de qualidade de vida apenas para os muitos ricos. A fadiga dos engarrafamentos e a elevação do custo do uso do carro serão um preço injustificado para a busca de um oásis ilhado no meio de um mar de trânsito.
Os urbanistas contemporâneos costumam dizer que uma cidade que se desenvolve através de revitalização de centralidades promove um crescimento inteligente (smart growth) e aquelas que se desenvolvem por meio de subúrbios e condomínios fechados sofrem um crescimento insustentável. Quer aprender um pouco mais sobre isso, sobre o conceito de centralidade e sobre o seu oposto que é o espalhamento ou fragmentação urbana?
Usar táxi no lugar de usar o carro próprio
Pessoas e famílias que rodam pouco durante os dias de semana e que moram em bairros mais tradicionais, especialmente aqueles com características de centralidades, podem fazer as contas: sairá mais barato e mais conveniente usar táxi em seu cotidiano. Para deslocamentos até cinco/sete quilômetros, 10/15 minutos, o táxi é imbatível tanto em termos de conforto quanto de custo.
Além disso, os serviços de táxis têm subido consideravelmente de qualidade. A disseminação do modelo "cooperativa & central de rádio" é uma das razões. Além disso, a dobradinha táxi-celular – já ultrapassamos cem milhões de unidades de celulares habilitados no Brasil – tem possibilitado um outro tipo de relacionamento muito mais qualificado e conveniente de clientes com cooperativas e mesmo com taxistas autônomos. Com o celular, você tem o táxi na sua porta, com ar condicionado ligado, na hora que você quiser. Não tem que se preocupar com procura de vaga para estacionar, flanelinha, etc. Você pode ainda escolher o tipo de veículo mais conveniente para a ocasião considerando suas necessidades, por exemplo, para acomodar mais gente ou para mais bagagem.
Algumas cooperativas de táxis estão inovando oferecendo até mesmo programas de fidelização de clientes, por exemplo, cadastramento dá direito a10% desconto, décima viagem grátis, levar adolescentes ou crianças da escola para outros cursos em horários pré-combinados, etc.
Perder a vergonha e testar o transporte público
Em algumas cidades e regiões metropolitanas, como Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Rio e São Paulo, o transporte público vem melhorando em passo acelerado. Tem muita coisa acontecendo em termos de inovação no transporte coletivo: ar condicionado, bilhete eletrônico, integração, novos tipos de veículos, mais modernos e com melhor design, sistemas eletrônicos de gestão e embarcados, etc.
Isso ainda não é percebido, sobretudo, pelos tais “formadores de opinião” e também por parte expressiva da classe média. Estes se acostumaram com o transporte individual e seguem sem perceber sinais de mudança positiva acontecendo fora de seus carros no que diz respeito a metrôs, trens, ônibus, barcas e mesmo vans. Pior que isso.
Comece sua exploração antropológica urbana com outros olhos que não sejam os da paranóia e do caos urbano. Procure ver que existem novidades promissoras.
Compreender exatamente quanto custa manter o carro e racionalizar ao máximo o seu uso
Comece desde já a discutir com sua família a mudança que se tornará imperativa de ser feita em nossos orçamentos domésticos. Quanto mais cedo melhor. É importante forçar a barra com a turma em casa para racionalizar a vida de todos em termos de mobilidade. Comece a fazer uma contabilidade dos seus deslocamentos, bem como os custos de cada um dos membros da família com carro e as despesas associadas: seguro, manutenção, estacionamento, pedágio, combustível, impostos, lavagem, etc.
Não se esqueça que carro PERDE O VALOR de forma bestial. Poucas coisas no mundo capitalista se depreciam com tal velocidade. A compra de um carro, do ponto de vista capitalista, é uma das opções mais eficientes para torrar dinheiro! É por esta razão que as empresas terceirizam suas frotas ou então fazem leasing (um tipo de aluguel).
Fonte: Ricardo Neves
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