Crônica para um coração
Sim, eu sei que ainda acreditas num possível regresso...
Crês na magia dos antigos sonhos, na alegria ágil dos dias passados, nos sorrisos que nasciam fáceis, nas ilusões que coloriam a luz de cada amanhecer...
Julgas que viverás tudo isso uma outra vez!
Sei que vasculhaste a imensidão do céu na tentativa de colher buquês de estrelas pequeninas, recitaste os salmos perfumados no teu rosário de pétalas delicadas, estendeste o teu olhar qual alameda enfeitada de esperanças, presságios, desejos...
Ah, meu coração!
Como dizer a ti que nada disso te será possível?
Como explicar que há um tempo sem tempo, onde nada mais será vivido?
Como aceitar que o que ficou para trás já se encontra trancado num mundo distante que se fez perdido?
Deves vislumbrar o que passou como um rastro cintilante deixado pelo orvalho nas manhãs vaporosas, como a breve visão de um arco-íris quase desfeito na bruma do entardecer, como os lampejos das calmarias que tingem os céus e depois desaparecem no ar, silenciosamente...
É chegada a hora de entender que é preciso viver reinventando cada momento, brincando de seguir adiante sem contar os passos, abandonando a bagagem sem temores desnecessários, pois tudo passa: desde o sonho à lágrima, enquanto viramos páginas em branco nas quais serão registrados nossos dias...
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