DANDO O MELHOR
Muitas coisas se falam a respeito de Beethoven. O fato de ter composto extraordinárias sinfonias, mesmo após a total surdez, é sempre recordado.
Exatamente por causa de sua surdez, ele era pouco sociável. Enquanto pôde, escondeu o fato de a audição estar comprometida.
Evitava as pessoas porque a conversa se lhe tornara uma prática difícil e humilhante. Era o atestado público da sua deficiência auditiva.
Certo dia, um amigo de Beethoven foi surpreendido pela morte súbita de seu filho. Assim que soube, o músico correu para a casa dele, pleno de sofrimento.
Beethoven não tinha palavras de conforto para oferecer. Não sabia o que dizer. Percebeu, contudo, que num canto da sala havia um piano.
Durante 30 minutos, ele extravasou suas emoções da maneira mais eloqüente que podia. Tocou piano. Ao contato dos seus dedos, as teclas acionadas emitiram lamentos e melodiosa harmonia de consolo.
Assim que terminou, ele foi embora. Mais tarde, o amigo comentou que nenhuma outra visita havia sido tão significativa quanto aquela.
Por vezes, nós também, surpreendidos por notícias muito tristes ou chocantes, não encontramos palavras para expressar conforto ou consolação.
Chegamos ao ponto de não comparecer ao enterro de um amigo, por sentir "não ter jeito" para dizer algo para a viúva, ou os filhos órfãos.
Não vamos ao hospital, visitar um enfermo do nosso círculo de relações, porque nos sentimos inibidos. Como chegar? O que levar? O que dizer?
Aprendamos com o gesto do imortal Beethoven. Na ausência de palavras, permitamos que falem os nossos sentimentos.
Ofertemos o abraço silencioso e deixemos que a vertente das lágrimas de quem se veste de tristeza, escorra em nosso peito.
Ofereçamos os ombros para auxiliar a carregar a dor que extravasa da alma, vergastando o corpo.
Sentemo-nos ao lado de quem padece e lhe seguremos a mão, como a afirmar, com todas as letras e nenhum som: "estou aqui. Conte comigo."
Sirvamos um copo dágua, um suco àquele que secou a fonte das lágrimas e prossegue com a alma em frangalhos. Isto poderá trazer renovado alento ao corpo exaurido pela convulsão das dores.
Verifiquemos se não podemos providenciar um cantinho para um repouso, ainda que breve.
Permaneçamos com o amigo, mesmo depois que todos se tenham retirado para seus lares ou se dirigido aos seus afazeres. As horas da solidão são mais longas, quando os ponteiros avançam a madrugada.
Sê amigo conveniente, sabendo conduzir-te com discrição e nobreza junto àqueles que te elegem a amizade.
Ouve, vê, acompanha e conversa com nobreza, sendo fiel à confiança que em ti depositem.
Equipe de Redação do Momento Espírita com base no cap. O dom de Beethoven, de autoria de Philip Yancey, do livro Histórias para o coração 2, de Alice Gray, ed. United Press e cap. CXXXVIII do livro Vida feliz, de Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Franco.
(Recebido de Vera Helena Tanze)
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