Depoimento sobre o Natal
É fácil descobrir quando o Papai Noel deixa de existir. Até os cinco anos, os pais afirmam categoricamente que ele é real. Depois já começam a dizer que ele depende da fé. Na hora em que vem a explicação, se tu acreditas nele, ele existe, é que a barba caiu de vez. Não adianta colar com bonder. Os pais se sentem culpados pela ingenuidade do filho na escola e entre os amigos e logo entregam o jogo. Pelas crianças, elas acreditariam sempre. Essa mentira merecia ter pernas longas. Pois o Papai Noel é um ato de generosidade. Os pais compram os presentes, se matam para agradar e renunciam os créditos. Não é uma maravilha? É um exercício de despojamento. Os pais deveriam acreditar mais no Papai Noel para ensinar aos filhos o anonimato da alegria.
Em casa, o Papai Noel nunca foi maior do que o presépio. Menino Jesus manteve-se como personagem principal. Minha mãe me transmitiu uma lição: o que não ganhamos também é presente. Muitas vezes não dar é a melhor maneira de dar. Agradecia inclusive o que não recebia, agradecia o que eu não tinha. Não é preciso receber tudo para escolher. Há presentes que só estragam a felicidade de imaginar.
Uma cena engraçada de Natal: quando o pai confundiu dia 23 com 24 e desceu os presentes do guarda-roupa antes da hora. Teve que gastar saliva para explicar às crianças a entrega antecipada do trenó".
Por: Fabrício Carpinejar
Deixe seus comentários:
As opiniões expressas neste artigo são da responsabilidade do autor. O Site não se responsabiliza por quaisquer prestações de serviços de terceiros, conforme termo de uso STUM.