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DOR DOS OUTROS

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Não podemos deixar quem já ferimos sofrer sozinhos...

Muitas vezes nos detemos a pensar: por que tanto sofrimento, por que tantas dores, por que somos nós alvos de tantas influências perniciosas?

Aquele que vive perguntando a Deus por que sofre, o por que da sua dor, se esquece de perguntar àqueles que o perseguem no plano espiritual, por que o fazem. Querem uma taça de mel e, no entanto, já ofereceram para os seus perseguidores uma taça de fel que eles tiveram de beber até a última gota.

Para se entender a obsessão é preciso entender o obsessor. É preciso avançar na dor, saber que se nós sofremos, nós também já provocamos muito pranto, muita dor e vamos responder por isso. Estamos, às vezes, em situações de responder por isso. Se a pessoa sofre inocente, tanto melhor, porque não há posição melhor do que a daquele que é vítima e não revida.

O obsessor, esse perseguidor implacável, nós o ferimos e ele cobra as marcas que traz do seu sofrimento. Por que, então, não levar para ele o precioso bálsamo da cura? Se não podemos mudar a situação, se esse situação é concreta e já existe, por que não levarmos o bálsamo da prece, reconhecendo que nós somos, realmente, culpados?
A pessoa, na verdade, só se redime a partir do instante em que ela assume as suas responsabilidades perante os erros cometidos.

Por mais implacável que seja o perseguidor, se vocês, na dor pela quais passam, orarem por aqueles que os perseguem, eles serão envolvidos, pouco a pouco, por essa força benéfica. Olhando esse sentimento puro de renovação que existe dentro de vocês, eles não terão como não reconhecer que, realmente, suas dores foram minoradas. Pode ser que haja uma programação cármica de resgate, mas, naquele instante, o seu sofrimento passa a não doer tanto.

Por isso, é importante a prece. A prece é importante porque nos faz entrar em sintonia com o Plano Superior. A prece é importante porque nós nos sentimos, quando pedimos, seres pequenos diante de um ser grandioso e misericordioso que pode nos ajudar. A prece é importante porque aqueles que nos viram com os olhos da dor vão nos ver com os olhos do amor, daquele que, realmente, foi capaz de magoar, de ferir, mas que também reconhece dentro de si essas limitações e é capaz de aceitar as suas culpas e ajudar.

Eu que estou no plano espiritual, em contato permanente com a dor e em contato permanente com os terrenos e suas mazelas, eu digo para vocês: não existe maior alegria para as criaturas que nos feriram, que nos magoaram, que nos dilaceraram, do que sermos capazes de ver nelas, pessoas que realmente nos ajudaram. Nos ajudaram a ver que, realmente, a vida é necessária, exatamente por essa função que ela exerce, de disciplina, desprendimento, renúncia, dedicação. Agora, imaginem quando nós transferimos isso para alguém que nós ferimos, que nós abandonamos, que nós agravamos suas provas cármicas e sentirmos nesse abraço alentador, a cicatrização de muitas feridas!

Nós não podemos deixar aqueles que já ferimos numa vida, curarem seus ferimentos como os animais se curam, lambendo suas chagas. Temos que dar confiança, temos que dar segurança, temos que, realmente, desenvolver esse potencial de auto-estima, para que eles saibam que, também, são tão fortes como nós somos.

É preciso caminhar, e ninguém caminha para frente, em busca de horizontes, com alguém, na retaguarda, gritando culpas sobre a sua fronte, nem jogando cruzes sobre seus ombros.

Saibamos ver na vida uma bênção, uma responsabilidade e, naqueles que nos cercam, um grande compromisso assumido com Deus, perante os homens e perante o nosso passado, para um futuro mais promissor!

Christopher Smith

Recebido de Lia


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