GUERREIRO DO CORAÇÃO
Compreendi que quando a força do homem é distorcida pelas expectativas sociais de sucesso narcisista, de dominação da natureza, das crianças, do feminino, toda sua vida se desequilibra. O lado machão pode ser usado como um processo de amor, revertendo a trajetória de violência e destruição.
A tarefa psicológica do homem atual é lidar com a força masculina bruta, localizada nos 3 primeiros chacras, sem bloqueá-la ou rejeitá-la e nem tampouco deixá-la tomar conta de sua consciência, assim será capaz de se relacionar por inteiro com os demais sem perder a sensibilidade.
Creio que uma característica marcante do novo modelo é a vontade de partilhar os sentimentos mais íntimos, de se abrir com outros homens, com a mulher, filhos, família.
Estou disposto a partilhar os meus segredos, pois como disse Jung, nossos segredos são a causa de nossas doenças. Ao expor minhas fraquezas, espero que me vejam como ser humano, e se animem a contar suas histórias e assim começamos a compreender uns aos outros.
O Guerreiro do Coração gasta sua energia partilhando seus sentimentos em vez de lutar contra eles ou escondê-los. É a capacidade de dizer claramente: "não aceito o modelo que me foi imposto, quero estabelecer um relacionamento novo e íntimo de abertura e confiança, e vou buscar as pessoas que também sintam e pensam assim.
"Este é meu guerreiro, esta é a minha identidade masculina. Nós homens, estamos destruindo a camada de ozônio, que é o sistema imunológico da Terra. O que estamos fazendo com o corpo da Terra é o mesmo que o câncer e a Aids fazem com nossos corpos. Temos que começar a conectar nosso coração com os dos outros homens, para podermos enxergar a partir do coração e cuidar de nós e do mundo a nossa volta.
Em todos os rituais indígenas, alguns bastante severos, o jovem guerreiro tem que passar por diversas experiências interiores, até chegar ao ponto que encara o próprio medo de morrer - o medo da morte física. Ele vivencia sua morte e então o ego se defende, tenta controlar a situação.
Um grupo de anciãos e homens experientes o ajudam a passar por esse processo de morte, por essa projeção do eu que se apega a idéia "sou um homem, sou mais poderoso que qualquer coisa ao meu redor".
O indivíduo então vê como é insignificante sua identidade do ponto de vista do macrocosmo. O importante é que essa morte seja cercada pelo amor dos outros, para sair da experiência sem se sentir um fraco. A partir daí, você começa a se sentir mais receptivo, mais humilde, mais aberto.
Nos rituais em grupo, depois de determinado momento, percebemos que entramos em estados alterados de consciência, podemos vivenciar um ao outro em mais profundidade e perceber melhor o nosso coletivo. É importante os homens perceberem o poder que criam em grupo. Um poder que em geral é usado para destruir, através de conflitos, guerras e até religião. Sentir e ver que esse poder é um estado, um local de AMOR, de intimidade, faz parte do novo homem.
Graig Gibsone
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