JARDIM SUSPENSO
Ergui alto as colunas da imaginação com o mármore da vida e com o cristal do sonho.
Sobre elas, fui plantar, para além da amplidão o sonoro jardim dos versos que componho...
Jardim suspenso no ar por colunas de luz, longe... longe do mundo e das cousas da terra...
- onde, por entre os versos todos que compus a minha alma sonâmbula e encantada - era...
Fiz deste meu jardim oculto, extraordinário, onde os poemas tem voz como as águas das fontes, o meu mundo feliz, mundo estranho e lendário
sem terras, sem fronteiras, homens e horizontes...
Aí... nas alamedas silenciosas, ando sonhando, sem ninguém, sem leis, e até sem Deus!
Apenas tendo, alegre, ao meu redor, um bando de pássaros que são os próprios sonhos meus...
Felizes os que podem criar esta ascensão,
bater asas poeirentas pelo espaço imenso
e ir sonhar como eu vou nesse jardim suspenso
que ergui sobre as colunas da imaginação!...
José Guilherme de Araújo Jorge, poeta acreano. Participou das lutas anti-fascistas, como democrata e socialista. Lutou, ainda estudante, contra o "Estado Novo".
Foi conhecido como o Poeta do Povo e da Mocidade, pela sua mensagem social e política e por sua obra lírica, impregnada de romantismo moderno, mas às vezes, dramático.
Foi um dos poetas mais lidos, e talvez por isto mesmo, o mais combatido do Brasil.
(1914-1987)
www.jgaraujo.com.br/
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