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Lutamos para mudar o mundo, ou ficamos só nas belas palavras?

Lutamos para mudar o mundo, ou ficamos só nas belas palavras?
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Às vezes tenho vontade de segurar o mundo em minhas mãos, mas logo percebo que não consigo dar conta nem de mim mesmo. Complicamos tanto, vivemos num mundo de ilusões, comemos coisas artificiais que imitam o sabor dos alimentos, choramos diante das cenas de televisão e não nos comovemos com os mendigos que estão à nossa porta, estereotipamos as pessoas pelo o que vestem e não pelo que são. O que é isso? É um mundo mais belo, ou maquiado para que não vejamos o que realmente ele é?

O mundo é, ao mesmo tempo, uma Daslu e um barraco. Um é muito luxuoso, outro, muito precário. Um é utópico, outro realista. E há quem viva no meio dos dois: a classe média, que vive no shopping e aspira um dia poder adentrar na Daslu. Vive-se, ou finge-se viver? Lutamos para mudar o mundo, ou ficamos só nas belas palavras?

Afinal, o que tanto buscamos se sabemos o nosso fim? Fiquei outro dia a pensar sobre isso. A morte é a única certeza que temos nessa vida, mas será que realmente vivemos, fingimos ou estamos a saborear o gosto da vida?

Aponte-me três grandes razões para você continuar vivo. Esqueça-se do sucesso profissional, isso não pode ser incluído na lista das três boas razões para você viver. Apegue-se ao seu mundo, seja egocêntrico, por agora, e pense em você mesmo: quais são os três motivos que lhe fazem viver?

Se me perguntassem isso, eu simplesmente sentaria e esperaria por alguma resposta. Está certo que, de cara, iria responder: sucesso profissional. Estaria sendo mesquinho. A vida não se resume só a trabalho, mas o supervalorizamos. Afinal, qual é o objetivo de nossa existência? Porque essa pergunta atormenta tanto a humanidade? E, se tivéssemos uma resposta, saberíamos viver?

A realidade foi maquiada, muros foram erguidos para separar o homem do seu semelhante mais necessitado, ambientes artificiais floresceram e a reflexão foi lentamente sendo trocada por ação. O mundo busca a ação, a reflexão fica no campo da inutilidade, pois, se tudo que se vive fosse objeto de uma reflexão, muita coisa teria que ser mudada.

A sociedade caminha para sua auto-destruição, ou isso é apenas uma tendência passageira?

“A característica do homem imaturo é aspirar a morrer nobremente por uma causa, enquanto que a característica do homem maduro é querer viver humildemente por uma causa” Qual a causa pela qual você vive? É necessário, muitas vezes, refletir. Cabe só a você fazer isso”.

Retirado do livro “O apanhador no campo de centeio” de J. D. Salinger.
https://joelteixeira.net/2007/05/o-apanhador-no-campo-de-centeio/


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