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MANEIRA DE AMAR

MANEIRA DE AMAR
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O jardineiro conversava com as flores e elas se habituaram ao diálogo.
Passava manhãs contando coisas a uma cravina ou escutando o que lhes confiava um gerânio.
O girassol não ia muito com sua cara, ou porque não fosse homem bonito, ou porque os girassóis são orgulhosos de natureza.
Em vão o jardineiro tentava captar-lhes as graças, pois o girassol chegava a voltar-se contra a luz para não ver o rosto que lhe sorria.
Nunca, entretanto, o jardineiro deixou de regar o pé de girassol e de renovar-lhe a terra, na ocasião devida.
O dono do jardim achou que seu jardineiro perdia muito tempo parado diante dos canteiros, aparentemente não fazendo coisa alguma.
E mandou-o embora, depois de assinar a carteira de trabalho.
Depois que o jardineiro saiu, as flores ficaram tristes e censuravam-se porque não tinham induzido o girassol a mudar de atitude.
A mais triste de todas era o girassol, que não se conformava com a ausência do homem.

- Você o tratava mal, agora está arrependido?

- Não, - respondeu - estou triste porque agora não posso tratá-lo mal.

É a minha maneira de amar, ele sabia disso.

Carlos Drumond de Andrade

Recebido de Soraya Souza

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