NA DESESPERANÇA
Ocasiões existem em que a inspiração se vai.
Em que toda a vida vos parece sem sentido, em que todo o esforço se vos afigura inútil.
Em que derramais, sobre as cores da existência, a negra tinta da desesperança.
Como se as nuvens de chuva pudessem apagar as estrelas, e não apenas ocultar temporariamente o seu esplendor.
Como se as angústias de uma noite durassem para sempre e não fugissem aos primeiros raios do sol.
Como se a Tristeza e a Felicidade não alternassem as visitas que fazem aos vossos corações.
E, entretanto, assim tem sido desde o início dos tempos.
Porque, assim como o aço é forjado entre o calor e o frio, é entre o sofrimento e a alegria que o vosso verdadeiro Eu atinge a plenitude.
Por que, então, insistis em abrigar a desesperança?
Não sabeis, acaso, que vossas agruras de hoje em breve irão juntar-se às muitas que hoje não passam de lembranças?
Por que sofrer pelo passado de amanhã?
Aprendei a valorizar os vossos momentos de tristeza, como desfrutais dos instantes de alegria.
E quando a bruma do desânimo buscar tolher-vos a visão buscai as forças necessárias para que possais descortinar as montanhas das vossas esperanças.
Pois àquele que olha sempre para o céu, nada significa a lama do caminho; que apenas lhe pode respingar os pés, mas jamais impedir-lhe a caminhada.
Nunca, jamais, deveis desanimar.
Pois a tristeza é passageira como a alegria.
E, se ambas existem, é para que possais abrir os olhos que, um dia, vos permitirão enxergar a vida como ela é, e não como imaginais que seja.
Os olhos do vosso verdadeiro Eu.
Trechos extraídos do livro "A Sabedoria de Hassan", de Flávio Cruz
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