Não Adentre a Noite Apenas com Ternura
Não adentre a noite apenas com ternura.
A velhice queima e clama ao cair do dia.
Fúria, fúria contra a luz que já não fulgura.
Embora seja ao sábio, no fim, a treva que perdura,
Pelas palavras que não reluzem à centelha tardia,
Não adentre a boa noite apenas com ternura.
Ao bom, no ultimato, chorando com tristura
Suas fracas ações, na dança que as brilharia,
Fúria fúria contra a luz que já não fulgura.
Ao Livre, qual sustou o sol, do voo, com fartura,
E aprendeu, tarde, que assim seu caminho afligia,
Não adentre a boa noite apenas com ternura.
Ao sério, rente à morte, que vê com negrura.
A Cegueira pode, qual cometa, queimar em alegria.
Fúria, fúria contra a luz que já não fulgura.
E a ti, meu pai, rezo eu, que da triste altura,
A mim pragueis e benzeis, com sua lágrima bravia.
Não adentre a boa noite apenas com ternura.
Fúria, fúria contra a luz que já não fulgura.
Dylan Thomas
(1914-1953)
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