NOVOS TEMPOS
Vão-se os tempos de guerra. A alma doente do homem não suporta mais o peso de tanta dor e tristeza em seu coração.
É chegado o tempo da paz, da alegria e da bem aventurança. No coração do novo homem brilha mais forte a chama que é vida e vivifica o universo.
E nessa chama consomem-se o ódio, o rancor e o egoísmo que engoliram tantas oportunidades encarnatórias, século após século.
Nesses novos tempos, ninguém será melhor do que ninguém, nem mais querido, nem mais rico ou mais inteligente, pois todos verão a si mesmos em cada rosto alheio e desconhecido.
Nas veias, o sangue pulsará diferente, como se novo impulso lhe fosse dado. Mais do que bater para manter vivo o homem material, o coração sorrirá e, nesse sorriso, se expandirá, vestindo cada gesto humano de novo significado repleto de amor e respeito pelo homem espiritual.
As lágrimas deixarão de ser amargas, os abraços deixarão de ser frios, os apertos de mão deixarão de ser falsos e a dor dará lugar à santificação da carne para a elevação do espírito.
O universo espera por cada uma das consciências amigas que empreenderam a jornada da vida, lançando-se em milhares de diferentes direções, pousando sempre onde houvesse homens necessitando de um norte.
Sua trajetória nunca foi linear. Subiram e desceram muitas vezes na montanha russa das paixões humanas. Ziguezaguearam vidas sem conta entre o caminho estreito e a porta larga. Feriram e curaram corações com as mãos e a mente.
No entanto, tudo isso lhes deu a têmpera moral e espiritual de que necessitam para resistirem em tempos de Deus.
Suas mãos, forjadas no calor das súplicas desesperadas e nos gestos amargos do arrependimento, transformaram-se em ferramentas espirituais luminosas, capazes de pulverizar até a mais dura pedra emocional.
Seus ouvidos, afinados no clamor das guerras e das ofensas, transformaram-se em delicados receptores das mais sutis notas divinas.
Sua boca, lavada no amargor da raiva remoída e engolida, transformou-se em fonte de abençoado sopro consolador, espalhando, aos quatros ventos, os versos sublimes da canção da vida.
Seus pés, aplainados no esmeril veloz da fuga desesperada e nos descaminhos mundanos, ganharam asas de luz que os levam a todos os recantos do universo, como mensageiros celestais da paz universal.
Sua fronte, moldada nas aflições e angústias das disputas terrenas, tranformou-se em farl perene de rara beleza, emoldurada pelo equilíbrio e o discernimento espirituais.
Como arcanjos, descem eles novamente aos campos de batalha do mundo, assumindo os mais diferentes papéis, escondidos em corpos e cérebros humildes, para escaparem da ignorância que suga e mata.
Outras vezes, procuram os cantos escuros do mundo, onde mais ninguém quer estar ou viver, para lá plantarem as sementes de paz que trazem no coração da alma.
Outras vezes ainda, preferem os limites da carência de recursos materiais, para fazer brilhar com mais intensidade o tesouro que trazem guardado na consciência.
E há ainda os que se enchem de coragem, estufam o peito de amor e luz e exibem, felizes e puros, as flores do ouro divino que cultivam há milênios, para dividi-las com todos os que sofrem o vazio da frustação, da ignorância deliberada e do descado inconseqüente.
Todos são nascidos da mesma fonte límpida e pura e, dela, trazem a água sagrada, que lava o coração e alimenta o espírito.
Todos brotaram da mesma mão fértil que tantas sementes tem espalhado universo afora na certeza infinita de evolução.
Todos foram esculpidos no barro das estrelas, o barro sutil e delicado acariciado pelo sopro amoroso dAquele que é a vida.
E todos se encontram e desencontram o tempo todo nos descaminhos do universo.
A Terra é apenas um abrigo, uma parada segura à beira desse caminho, onde podem descansar e trabalhar, plantando e colhendo o pão que os há de alimentar pelo resto da
viagem.
No entanto, às vezes chegam a esse abrigo tão cansados pelos embates da luta edificante, que se deixam ficar em descanso passivo, apenas colhendo para si o que outros plantam com amor para si próprios e para outros.
Mal sabem eles que tempo virá em que o abrigo, que tanto bem tem proporcionado a tantos viajantes, transformado pelo trabalho de gratidão daqueles que dele usufruíram sadiamente, será transformado num pequeno oásis em meio às dores do crescimento, um paraíso perfumado e iluminado onde só os corações limpos e preparados suportarão estar.
Nessa hora, muitos se sentirão traídos e abandonados, mas só o serão por si mesmos, por sua própria imprudência e descaso no cuidado com o que não lhes pertencia e, por empréstimo divino, tinha sido colocado à sua disposição.
Não se fala aqui de grandes catástrofes e cataclismos físicos, pois as mais profundas revoluções já estão ocorrendo onde os olhos do físico não alcançam.
Fala-se muito mais daquelas revoluções interiores que ocorrerão nos corações que insistem em se deixar toldar pelo lodo pegajoso do orgulho e do egoísmo.
Fala-se das tragédias íntimas, que serão vividas pelas consciências que teimam em repousar sua cabeça em travesseiro forrado de espinhos da discórdia e da mesquinhez.
Fala-se das pragas que assolarão as mentes que se mantêm secas e desertas, varridas apenas pelos ventos ásperos da arrogância e do intelectualismo excessivo.
Nada escapa à perfeita e harmônica dança do universo. E quem sair do ritmo terá que acertar, às pressas, o passo, se quiser voltar à ciranda do Amor que canta.
Esperamos por todos. A ciranda continua e nós dançamos com eles. Vemos muitos que sorriem e sorrimos com eles. Vemos também muitos que choram e choramos por amor a eles. Sorrisos e lágrimas se misturam para voltar a alimentar nossa alma na esperança dos tempos que estão chegando.
Ouçam a música, cantem os versos, entrem na dança, mas não percam o ritmo, não desafinem, não errem o passo, pois, na melodia da vida, quem destoa poderá ficar muito tempo de fora e quem fica mudo é obrigado a dar lugar a quem canta com amor e alegria.
Nessa doce canção, todas as vozes têm que ser uma e as mãos têm que estar enlaçadas na busca da Luz Interior de todos e de cada um.
Recebido espiritualmente por Maísa Intelisano, em 7/10/2003, às 23h.
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