O Agricultor, o Operário, o Comerciante, o Literato, o Filósofo e o Sábio
O agricultor, referindo-se ao operário, dizia:
- Afinal de contas, ele não ganha mais do que eu, nem vale mais do que eu, mas quer que eu lhe venda o produto da terra mais barato do que ele reputa ao que realiza em suas oficinas.
Que vale este mais do que eu? Se tem alguma coisa à minha custa que me esfolo para pagar-lhe quatro vezes mais o que eu mesmo produzo.
E o comerciante dizia do literato:
- Malta de vagabundos, parasitas! Em vez de trabalhar, vivem a contar lorotas para as namoradas, a escrever contos da carochinha e a escrevinhar baboseiras, e pensam que valem mais que os outros.
Dizia o literato do filósofo:
- Gente que anda com os pés na terra e a cabeça das nuvens. Uns cegos que se metem num quarto escuro à procura de um gato preto que não está lá. Bons pedantes, esses filósofos! Usam uma linguagem que ninguém entende, e pensam que valem mais que outros.
Dizia o filósofo do homem sábio:
Não se pode negar que ele tem certa prática da vida. É um repositório da experiência humana. Para cada caso tem uma máxima, uma fábula, um apólogo para contar. Mas que sabe ele das grandes interrogações humanas?
E o homem sábio dizia do agricultor:
- Homem, tu conheces a única felicidade que há sobre a terra: a de dar a vida. Tu tiras da terra o alimento. Ajudas a germinar as sementes, plantas e colhes. Homem da terra, tu realizas a sabedoria.
Mario Ferreira dos Santos
Do livro: Assim Deus falou aos Homens.
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