O AVESTRUZ INTERIOR
É sobejamente conhecida por todos nós a figura do avestruz, aquela grande ave pernalta que, por ser incapaz de voar, enfia a cabeça na areia ao menor sinal de qualquer perigo no seu ambiente exterior.
É também conhecida por nós, embora todos achemos melhor ignorá-la, a figura do avestruz interior, que estica bem o pescoço para fora por não querer enxergar que algo não vai bem ou que alguma coisa precisa ser mudada do lado de dentro de nossa personalidade individual, empresarial ou social.
Por quê será que é tão mais fácil esticar bem o pescoço para fora e invejar a felicidade do outro do que construir a nossa própria felicidade?...
Por quê será que é tão mais fácil esticar bem o pescoço por sobre os muros da nossa empresa para achar tão intrigante que o nosso concorrente direto venda mais quando o nosso produto é tão melhor e mais barato?..
Por quê será que é tão mais fácil esticar bem o pescoço por sobre as nossas fronteiras para sonhar acordados com a grandeza de outras nações em vez de colocar mãos à obra para construir o presente do nosso país?
O avestruz exterior enfia a cabeça na areia e se sente confortável. Afinal, se ele não vê o inimigo, com certeza o perigo já não existe e o inimigo está totalmente enfraquecido pela escuridão.
O avestruz interior estica bem a cabeça para fora e se sente confortável. Afinal, a possível luz que brilha do lado de fora o impede de ver a escuridão que reina do lado de dentro e o inimigo terá que ser muito louco para atacar em plena luz do dia.
Mas, o que aconteceria se, num esforço instintivo o avestruz exterior olhasse para fora e se, num esforço consciente, o avestruz interior olhasse para dentro de si mesmo?
O avestruz exterior poderia descobrir que o perigo é muito grande e está muito próximo e, então, entraria em desespero mortal. Ou poderia ainda descobrir que o perigo não é tão grande que não possa com ele lutar e vencê-lo.
Mais complicada é a situação do avestruz interior, que simplesmente não tem como fugir nem do perigo nem do inimigo. Como estes estão dentro, serão transportados para onde quer que corra a fugitiva ave pernalta da nossa personalidade, da nossa empresa ou da nossa sociedade.
Sua única alternativa é a coragem de olhar para dentro de si e enfrentar o perigo de ter um inimigo que é ele mesmo. É ter a coragem de enxergar que pode se enfrentar a si próprio para ser melhor, e vencer.
É ter a coragem de enxergar que a empresa tem problemas a serem solucionados, e perseguí-los de forma implacável porém construtiva.
É ter a coragem de enxergar que o nosso país somente terá uma vida mais digna e mais justa no dia em que cada um de nós for buscar, dentro de si mesmo, o esforço consciente que modela as grandes nações na responsabilidade de cada um pelo destino de todos.
A direção para a qual cada um de nós resolver esticar o seu pescoço fará uma enorme diferença no resultado, mas nenhuma diferença no esforço dispendido.
Ou a gente se faz infeliz, ou se faz forte. O trabalho é o mesmo.
D. Juan Matus, feiticeiro índio mexicano.
José Carlos Flesch, consultor de empresas e autor do livro: O Lucro, a Empresa e Você (Editora Gente)
www.vidaintegral.com.br
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