O MESTRE E O DISCÍPULO II
Certo dia um mestre estava ensinando aos seus discípulos como deveriam centralizar suas mentes a fim de praticarem a meditação. Falava calmamente o mestre que o homem que domina a concentração focada em um assunto escolhido de sua vontade, volta-se inteiramente para isso.
Um de seus discípulos perguntou-lhe, se mesmo estando absorto internamente, os sons e atos externos não lhe tirariam a concentração. Ouvindo isso, o mestre despachou o grupo para uma colina a fim de praticarem meditação. E juntou-se ao jovem governado pelas dúvidas, ambos caminhando até o templo.
Lá, o mestre procurou uma caixa tampada de madeira, mas contendo duas pequenas sendas laterais que davam acesso ao interior da mesma, e que serviam para colocar os dedos a fim de segurar a caixa firmemente com as mãos. Ofereceu, com muito cuidado e suavidade, para o jovem segurar, orientando-lhe que a agarrasse junto a sua barriga, com muita delicadeza.
Feito isso, o mestre continuou dando as instruções. Disse ao moço para caminhar com a caixa até a colina onde estavam os demais discípulos em meditação. Mas o advertiu de que dentro da caixa havia o escorpião mais venenoso de que se tinha notícia. E que se a estojo balançasse, o mais levemente que fosse, o bicho acordaria e daria o bote fatal nos dedos do rapaz, que se encontravam no interior da caixa.
O mestre falou que libertasse o animal assim que chegasse na colina. E após isso o rapaz voltasse ao santuário. E assim foi o rapaz. Caminhando lentamente, com a atenção voltada somente para a caixa em suas mãos. O jovem conseguiu chegar à colina apenas ao anoitecer. Soltou o animal e voltou ao templo.
Chegando lá, o mestre perguntou ao discípulo se a sua atenção foi incomodada por algum som ou acontecimento externo. O jovem dissera que sua mente estava centralizada somente na caixa.
“Então, você compreendeu os princípios da meditação!” – Dissera o mestre.
Hellen Katiuscia de Sá
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