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OS OUTROS E AS DESCULPAS

OS OUTROS E AS DESCULPAS
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Ainda não tinham desaparecido as névoas da criação do mundo, quando surgiram as primeiras desculpas, ainda no Jardim Terreal. A maçã simbólica foi comida e Adão culpou Eva e esta apontou a serpente como a verdadeira culpada. Os outros são sempre os culpados. Embora mal sucedida, esta tentativa fez escola. A culpa é do pai, da mãe, do vizinho, da escola, da igreja, dos políticos, dos outros enfim.
Nos acidentes automobilísticos, os outros sempre são os culpados. Um inspetor de polícia afirmou: se dermos crédito aos depoimentos dos dois motoristas, os carros estavam parados, cada um na sua mão, quando colidiram com violência.
De um modo geral, as desculpas têm duas frentes. A primeira é para não assumir qualquer tarefa, a segunda é para encontrar os culpados pelos nossos erros.
Há pessoas especializadas nas desculpas.

Já no Evangelho encontramos desculpas para os que não quiseram participar da festa de casamento: casei, comprei uma junta de bois... As desculpas são muito criativas: hoje não, fica para a próxima vez, eu já fiz a minha parte, tem gente muito melhor do que eu, lamento muito, vou estudar e depois lhe dou uma resposta. Há pessoas com listas de desculpas, uma para cada dia do mês.
Muitas vezes, jogamos as culpas no passado e com isso acreditamos estar livres de exigências atuais: a vida me tratou muito mal, meus pais não me compreenderam, quando eu queria, não me permitiram. E assim passam a vida escondendo-se atrás de desculpas e acusando os outros. O pai não se dá bem no trabalho e, chegando em casa, reclama da esposa e da péssima comida, a esposa reclama do filho que não ajuda e deixa a casa imunda, o filho bate a porta e chuta o cachorro..
O Evangelho nos aponta outra direção: “ a verdade vos libertará” ( Jo 8,32) Só podemos superar nossas limitações quando as assumimos. O que não é admitido, não é redimido. O primeiro passo para superar uma limitação, é admiti-la. É assim que procedem, com bons resultados, os Alcoólicos Anônimos e outros grupos de terapia. Santo Agostinho já recomendava: "admite ser o que és, para um dia – quem sabe – tornar-te aquilo que desejas".
Nossa vida é feita de escolhas e as escolhas fazem nossa vida. Não existe nada que sejamos obrigados a fazer. Todas as nossas ações, direta ou indiretamente, são aquelas que escolhemos fazer. As pessoas, as coisas, as situações que formam nossa vida são todas resultado de nossas escolhas. Mas estas escolhas nunca são definitivas. A cada dia, tenhamos ou não consciência disso, temos de decidir se continuamos a ser como somos ou se mudamos. As escolhas que fizemos nos trouxeram onde estamos. Mas as escolhas que posso fazer, a partir de agora, podem levar-me para onde eu quero ir. Tenho o direito de escolher o rumo de minha vida, tenho até o direito de ressuscitar meus sonhos.

Aldo Colombo
https://www.capuchinhosrs.org.br/mensagens_olhar.php


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