Pessoas mais velhas
Gosto das pessoas mais velhas como gosto destas árvores antigas, enraizadamente sólidas, tecendo a trama de suas raízes superficiais muito longe de onde se prendem as outras mais profundas, num intrincado e fundamental arabesco de sustentação e força.
Amo as pessoas mais velhas como amo essa árvores centenárias que com seus imponentes e enrugados troncos, à caricia e toque de nossas mãos ao longo de suas saliências e reentrâncias ora mais ásperas, ora mais lisas e frágeis, nos vão revelando a história viva de uma trajetória de sonhos, desejos, alegrias, tristezas, encantamentos, desencantos, amores, encontros, perdas e saudades.
Pessoas mais velhas são como estas árvores frondosas que com seus longos e afetuosos braços, fartamente enramalhados engalanam-se, enfunam-se ao sabor dos ventos amenizando o sol causticante que nos abrasa e fere, oferecendo sua sombra apaziguante e seu colo sereno para repousar nosso cansaço, revitalizar nossos sonhos e sustentar nossa esperança, nutrindo-nos com a seiva forte de suas raízes.
Amos as pessoas mais velhas como amo esses velhos carvalhos, esses acobreados plátanos, esses ciprestes eretos, perpétuos tentando galgar o céu, esses dignos pinheiros e cedros altivos que com sua serenidade, e silenciosa presença impõe o respeito que lhes confere sua sua realeza ancestral.
Como essas árvores, as pessoas mais velhas pacificam minha alma, alimentam meu espírito, me ensinam a viver intensamente cada momento como se fosse o único, de uma forma salutar e livre e com a sua sabedoria transcendental amalgamada na alquimia da terra, água, ar e fogo me transmitem o segredo da metamorfose da eterna beleza da perfeição da permanente impermanência e imperfeição da natureza e da vida.
Claudette Grazziotin
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