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Reaprenda a Linguagem das Flores

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As moças janeleiras datam da metade do século XIX; essa mania de olhar para a rua, com os cotovelos apoiados em almofadas e o cachorro de estimação ao lado, no peitoril da janela, se prolongou até depois da transformação da cidade por Francisco Pereira Passos e Paulo de Frontin. O aparecimento às janelas, das moças casadoiras, deu origem à "linguagem das flores", espécie de código de comunicação entre os namorados. Cada flor tinha um significado, expressava um sentimento, possuía o seu simbolismo.

Assim, o miosótis queria dizer: "não te esqueças de mim"; o cravo rosa representava fidelidade; o cravo amarelo, desprezo; o cravo branco rajado, suspirar; o cravo branco, inclinação; o cravo-da-índia, portador seguro; o cravo rosa rajado, alento; o jacinto, dor, pesar; o jasmim-amarelo, vergonha; o jasmim miúdo, paixão; o jasmim-da-itália, zelos; o jasmim do cabo, pretensão, o lírio-branco, ardor; o lírio-roxo, confiança; o lírio-dos-vales, leviandade; o escarlate, "já não posso mais"; a açucena, candura; o amor-perfeito, "existo para ti só"; o amor-perfeito roxo, lembrança expressiva; o amor-perfeito amarelo, esquecimento; o botão de rosa-amélia, esperança; o botão de rosa cheirosa, "meus olhos só vêem a ti"; o botão de rosa branca, casamento; o botão de rosa encarnada, perfeição; o botão de rosa-da-índia, "não posso"; o botão de cravo branco, "espero resposta"; o botão de cravo encarnado, "atrativo"; o botão de cravo rosa, união.

Por sua vez, a dália escarlate queria dizer: "és um portento"; o heliotrópio representava o delírio ou o abandono; o goivo amarelo, preferência; o goivo encarnado, enfados; o goivo roxo, solidão; o goivo branco, "não sei quando será"; o gerânio triste, espírito melancólico; o gerânio-limão, capricho; a perpétua branca, mistério; a perpétua roxa, constância eterna; a margarida dobrada, "estou de acordo com vossos sentimentos"; a sempre-viva, "hei de amar-te até morrer".

As rosas tinham infindos significados. Assim, a branca expressava a afeição; a capuchinha, brilhantismo; a da-índia, estimação; a cheirosa, laços indissolúveis; a de cheiro encarnada, "sou assaz feliz"; a amélia, murmuração; a dobrada, esplendor; a de-jericó, graças; e a de todo o ano significava: "continua e vencerás".

Mas, a reunião das rosas também tinha o seu simbolismo. Dessa sorte, duas rosas-amélias queriam dizer: "tu serás meu bem". Mas, se fossem três, a interpretação era: "hoje ou amanhã". Três rosas-da-índia podiam ser traduzidas como: "suspirar pela companhia". E duas violetas: "quero ficar solteira". Por fim, diga-se que os malmequeres representavam sempre tristeza ou sofrimento. Assim, o malmequer singelo queria dizer: "tristes lembranças"; o malmequer com folhas, amor oculto; e o malmequer inglês, cautela. Quando os malmequeres eram colocados no peito, havia "cruéis tormentos"; e quando postos sobre os cabelos, a interpretação era: "não digo o que sinto".

As folhas também simbolizavam palavras ou expressões. Assim, o alecrim representava as saudades, a firmeza ou os ciúmes, segundo fosse, respectivamente, seco, verde ou desfolhado; a alfazema murcha significava a vaidade; a arruda, "guarda a carapuça"; a avenca, chamar; folha de louro, premiar; folhas de cipreste, separação forçada; folha de rosa rubra, "sim"; e folha de rosa branca, "não".

(Adolfo Morales de Los Rios Filho, in BANDEIRA, Manuel; ANDRADE, Carlos Drummond de. Rio de Janeiro em prosa e verso, 1946)

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