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Resignação

Resignação
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Há virtudes difíceis de serem adquiridas e cujo exercício é pouco compreendido.
A resignação é uma delas.
As criaturas levianas nem a veem como algo apreciável.
Presas em suas ilusões, consideram a resignação apenas falta de forças ou de coragem.
Entendem que o homem sempre deve reagir violentamente contra qualquer circunstância que contrarie seus interesses.

Pensam ser indigno aceitar com tranquilidade um revés.
Contudo, urge reconhecer que nem sempre é possível obter-se o que se deseja.
Muitas vezes, nossos sonhos mais caros não se concretizam.
Ou então nossa tranquilidade, tão duramente conquistada, é atingida por um infortúnio.
Há dificuldades ou contrariedades que podemos vencer, mas algumas vezes, a vida responde a nossos apelos com sombra e dor.
Nessas circunstâncias, alguns encontram em seu íntimo forças para resignar-se.
Em face de situações constrangedoras, dolorosas e inalteráveis, a resignação é uma atitude que apenas os bravos conseguem adotar.
Trata-se da aquiescência da razão e do coração com um regime severo imposto pela vida.

O resignado não é um covarde, mas alguém que compreende a finalidade da existência terrena.
O homem nasce na Terra para evoluir, para vencer a si mesmo e amealhar virtudes.
Justamente por isso, as dificuldades apresentam-se em seu caminho.
Algumas são contornáveis e outras não.

Às vezes, somente poderíamos sair de uma situação triste, prejudicando ou magoando o semelhante.
Como ninguém conquista a própria felicidade semeando desgraças, essa opção não é legítima.
Frente a um infortúnio inevitável, é necessário acomodar a própria vontade.

Impõe-se a consideração de que Deus rege o Universo e jamais se equivoca ou esquece de algo.
Já nascemos inúmeras vezes e renasceremos outras tantas.
A vida é uma escola, na qual passamos da ignorância e da barbárie à angelitude.
Conscientes de nosso papel de aprendizes, convém nos dedicarmos a fazer a lição do momento.
Talvez ela não seja a que desejaríamos, mas certamente é a mais adequada às nossas necessidades.

Se a vida nos reclama serenidade em face da dor, aquiesçamos. A rebeldia de nada nos adiantará.
A criatura rebelde perante as Leis Divinas apenas torna seu aprendizado lento e doloroso.
Rapidamente ela se torna cansativa para seus familiares e amigos.

Ao fazer sentir por toda parte o peso de seu amargor, infelicita os que a amam.
Resignar-se não significa desistir da luta. Implica apenas reconhecer que a luta interiorizou-se.
Quem se resigna enobrece lentamente seu íntimo, ao desenvolver novos propósitos de vida.

Tais propósitos não se resumem a um viver róseo.
Eles envolvem a percepção e a aceitação de que temos um papel a desempenhar na construção de um mundo melhor.
Esse papel pode não coincidir com nossas fantasias.

Mas é uma bênção ser um elemento do progresso, mesmo com algum sacrifício.
Outras pessoas, mirando-se em nosso exemplo, podem encontrar forças para seguir em frente.
A resignação é uma conquista do Espírito que vence suas paixões e atinge a maturidade.
Ele consegue manter a alegria e o otimismo, mesmo em condições adversas.
Ao enfrentar com tranquila dignidade seus infortúnios, prepara-se para um amanhã venturoso.

Autor:
Equipe de Redação do Momento Espírita, com base no capítulo 24 do livro Leis Morais da Vida, do Espírito Joanna de Ângelis, psicografia de Divaldo Pereira Franco, ed. Leal.

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