SANSARA
A névoa fazia redemoinhos sobre o rio quando um jovem mendigo acomodou-se nas suas margens para o pernoite. Repentinamente ele foi despertado por uma voz suave e olhando para o alto viu uma bela morena iluminada pelos faróis de seu Rolls Royce.
“Meu pobre homem”, disse ela, “você deve estar congelado e úmido. Deixe-me levá-lo até minha casa e abrigá-lo esta noite”.
É claro que o mendigo não recusou este convite e entrou no carro antes mesmo dela o fazer. Depois de percorrerem uma curta distância, o carro parou em frente a uma imensa mansão vitoriana. A morena saltou e acenou ao convidado para que a seguisse. A porta da mansão foi aberta pelo mordomo a quem a madame deu instruções para providenciar ao hóspede refeição, banho e uma cama confortável no quarto de hóspedes que estava disponível.
Algum tempo mais tarde, quando se preparava para repousar, ocorreu à dona da casa que o convidado poderia estar precisando de algo. Assim, dentro de seu negligee de seda ela apressou-se até o quarto de hóspedes. Ao dobrar o corredor uma fresta de luz atingiu seus olhos indicando que o hóspede estava acordado. Batendo suavemente na porta, ela entrou no quarto e perguntou ao jovem por que ele não dormia ainda.
“Certamente você não está com fome, não é?
“Oh, não, o seu criado me alimentou muito bem, obrigado.”
“Então, talvez a cama não esteja confortável o bastante?”
“Não, não, ela é macia e quente”.
Ah, então você deve star precisando de companhia. Chegue um pouquinho para o lado...”
O jovem, moveu-se prazerosamente... E caiu dentro do rio!"
O maior problema para a pessoa contemporânea é seu coração. Ele está vivendo pela cabeça, sentindo pela cabeça, sonhando, pensando - sua existência tornou-se virtual, potencialmente virtual. Cada vez mais esta humanidade é treinada pela cabeça, o coração tem sido negligenciado, ignorado. Não há treinamentos para o coração, não há mais disciplinas para o coração; nenhuma escola, nenhuma universidade se importa com o coração. No que tange a sentimentos, somos selvagens, pior que selvagens. Toda a nossa cultura é da cabeça, de forma que a cabeça se torna pesada, cheia, repleta e o coração continua e continua definhando. Não deveria ser assim. Esta é a maior calamidade que aconteceu á humanidade em toda a história da mente, da consciência. Estamos o tempo todo na cabeça, investimentos demais na cabeça; e o coração é deixado para trás.
Não nos permitimos mais emoções, prazer. Dizem que um homem de sentimentos parece ser fraco, ensinam às pessoas a não serem emocionais, a serem comedidas em suas emoções; controle-se, dizem... Controlem-se. O contato pessoal tornou-se objeto de desejo, sonhos, como tudo o mais... E toda a humanidade sofre o esquecimento de si mesmo, o esquecimento do amor.
Como recuperar então o caminho do amor?
A primeiríssima coisa é ser amoroso consigo mesmo. Ser delicado consigo mesmo...
Você precisará aprender a não ser tão duro, aprender a perdoar e perdoar e perdoar, quantas vezes forem necessárias, não sendo antagonista consigo mesmo, não mantendo-se fechado. Você precisará abrir-se. Abrindo-se, você florescerá. Neste florescimento atrairá alguma outra flor. Pedras atraem pedras - você aprenderá - flores atraem flores. Então você estará preenchido com graça e beleza.
O coração é sutil. A cabeça é própria para a lógica, aritmética, cálculo, esperteza, malícia. O coração é poesia, emoção, sensibilidade. Através do coração há compaixão. Com o coração, pouco a pouco, você mover-se-á dos caminhos da competição, da competição desvairada, desta luta violenta onde todos estão contra todos.
O Caminho do Coração é a única maneira de deixar as ideologias de lado e amar-se, alegrar-se e deliciar-se.
Samsara é o mundo da ilusão, das aparências, julgamentos, opiniões, valores e amores condicionais. A maioria de nós vive em estados catatônicos, dormência letárgica, robotizados e automatizados por desejos e quimeras, distantes da realidade presente do aqui e agora.
O contato com o coração representa o resgate de nossa sensibilidade e afetividade, suprindo todas as nossas necessidades primordiais de amarmos e sermos amados verdadeiramente.
O contato com o coração significa mover-se para o amor, com um sentimento de amor. O amor é tremendamente único, a maior experiência que existe.
Quando você nasceu, seu coração estava aí, presente, pulsante - dentro de você. Sua vida sempre foi um ato de amor. Quando você nasceu, não havia ego - samsara- seu ego foi se estruturando e modelando pelo convívio social, pelas necessidades de sobrevivência, pela influência do modelo familiar, pelas escolas, amigos e trabalho.
Seu ego é artificial, você não nasceu com seu ego(samsara).
O contato com o seu coração é, na verdade, o contato com a sua própria natureza. Lembre-se disto: Você é amor.
www.centrometamorfose.com.br/tantra_samsara.htm
Osho
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