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SAÚDE AMBIENTAL - Um Olhar Filosófico

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O século vinte talvez seja lembrado pelos historiadores do futuro como um marco, a época em que o mundo mudou mais intensamente e com uma velocidade inédita até então na história. É natural que este ritmo de mudanças seja associado à tecnologia, afinal nós vivemos em uma sociedade predominantemente tecnológica como resultado dos avanços alcançados pela ciência em todas as áreas do conhecimento. A tecnologia aplicada pela indústria de bens de consumo em geral e pelo prestadores de serviços gerou, com a consolidação do capitalismo, uma disputa acirrada pelos mercados consumidores criando uma revolução quanto a expectativa de qualidade dos produtos fabricados e serviços prestados.(ALMEIDA, 1999)

A busca de excelência nos produtos criou métodos e técnicas de controle de qualidade em todas as etapas do processo de produção. Extrapolando o ambiente fabril e o mundo dos negócios, a questão da qualidade atingiu também o cotidiano da vida das pessoas. Os métodos e tecnologias de controle da qualidade exigiram um novo sistema educativo que provocasse mudanças cognitivas e interferisse na cultura das pessoas envolvidas no processo de produção, incorporando conceitos de qualidade, produtividade, racionalidade, objetividade entre outros.

Assim, qualidade tornou-se um signo e um símbolo da busca da excelência de vida, tanto individual como social. Nos últimos anos, tem-se falado muito em qualidade de vida; esta expressão se popularizou e pode-se até dizer que se desgastou dada a grande variedade de interpretações que os termos “qualidade” e “vida” acarretam. Inexiste na literatura uma definição conceitual, tampouco um consenso, sobre seu significado (GILL, 1994). No entanto, constata-se a freqüente preocupação no sentido de conscientizar aqueles que são submetidos às diversas formas de estresse existentes no cotidiano, de uma vida mais complexa e difícil de ser suportada, de que o homem, principalmente o trabalhador, deve transformar seus hábitos e estilo de vida em busca deste ideal abstrato (Da SILVA, 1998).
Parafraseando este mesmo autor, a qualidade de vida pode ser tomada em um sentido amplo, integrando múltiplos aspectos, tais como: moradia, transporte, alimentação, lazer, satisfação/realização profissional, vida sexual e amorosa, relacionamento com outras pessoas, liberdade, autonomia e segurança financeira.

Na complexidade da junção de todas as dimensões que envolvem o termo “qualidade de vida”, tanto lato quanto stricto sensu, aumenta ainda mais a pluridimensionalidade já verificada se a ela forem somadas outras tantas, tais como: física, emocional, social, profissional, intelectual e espiritual.
Segundo Fernandes (1994, p 42), “qualidade de vida no trabalho é a gestão dinâmica e contingencial dos fatores físicos, sócio-pscicológicos e tecnológicos que renovam a cultura e determinam o clima organizacional, refletindo no bem-estar do trabalhador e na produtividade das empresas”.

Walton (1973), afirma que “a expressão qualidade de vida tem sido usada com freqüência para descrever certos valores ambientais e humanos, negligenciados pelas sociedades industriais em favor do avanço tecnológico, da produtividade e do crescimento econômico”.
Em outras palavras, as catástrofes ecológicas e sociais provocadas pela ação do homem, não nos deixam mais esquecer de como o bem estar dos indivíduos é influenciado pelos fatores ambientais – a qualidade do ar, da água, dos alimentos, a topografia, os hábitos. A natureza e a vida nos apresentam e cobram a conta pelos maus tratos que infligimos a nós mesmos.

Como relacionar a compreensão do que seja “qualidade de vida”, em sua pluridimensionalidade, com a consciência ecológica?
Parece-nos simples: A compreensão ecológica é a ressonância da própria palavra, ou seja, é o eco de uma lógica que ressoa e se reproduz em nossas maneiras de agir. Ecoa e reflete em nós a lógica dos valores que nos foram ensinados na educação familiar, na religião, no ambiente em que vivemos e principalmente, ecoa a lógica cartesiana e do modo de produção capitalista que vivemos.

A clássica definição da Organização Mundial da Saúde (OMS) nos diz que saúde é o bem estar bio-psico-social dos indivíduos. Recentemente foi acrescentado a dimensão “espiritual”, passando o conceito de saúde ser definido como o bem estar bio-psico-social-espiritual. Este “estado” de bem estar, esta condição, necessariamente precisa de harmonia e equilíbrio entre o micro e macrocosmos; em outras palavras, precisa de ressonância do ecológico entre nosso mundo interior e nosso mundo exterior.
É sabido que podemos enganar a todos a maior parte do tempo, mas não podemos enganar a nós mesmos o tempo todo. A desarmonia entre a maneira de ser, pensar e agir nos leva ao estresse e às doenças. O ponto de equilibrio do ecológico que nos move, está na harmonia de sermos a mesma pessoa, o tempo todo e em todos os lugares que frequentamos.

Luis Carlos Schneider é professor de Saúde Ambiental; Saúde, Ambiente e Sociedade e Antropologia Filosófica, em faculdades de Brasília/DF.

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