SOLIDÃO
Um vazio que vem de dentro
Procuremos, hoje, refletir sobre a solidão. Aquele vazio interior, um sentimento de abandono, de rejeição, comum em pessoas que, durante a sua vida, não souberam amar-se, amar os outros e serem amadas. Sim, a baixa auto-estima leva os seres humanos a se sentirem inferiores aos outros e, com isso, se isolarem do convívio social e até familiar. Outro fator gerador de solidão é a falta de solidariedade, o egoísmo e o egocentrismo. As pessoas que se encaixam neste perfil, com a sua frieza e o seu pessimismo, afastam o carinho e a atenção dos que o rodeiam. Ficam enfadonhos e cobradores, e acabam por se verem sozinhos... "O homem solidário jamais se encontra solitário. O egoísta, em contrapartida, nunca é solícito, e, por isso, sempre está atormentado".
Além destes casos, há também as pessoas que não sabem ser amadas, que não se permitem ser bem tratadas, por carregarem dentro de si muitas culpas, e, dessa forma, afastam qualquer tentativa de companheirismo que possa surgir. Sentem solidão, mesmo rodeadas de pessoas queridas. Não se acham merecedoras de uma vida de compartilhamento e se isolam do mundo. Há um ditado que reza que "se você se sente só, é porque construiu muros em vez de pontes".
O grande engano de alguns indivíduos é passar a vida esperando que os outros preencham o seu vazio interior, e quanto mais cobram isso, mais frustrados ficam, porque ninguém consegue suprir essa necessidade, pois a responsabilidade de se preencher é própria de cada um, por si mesmo. As pessoas, em sua maioria, foram "programadas" na infância para acreditarem que o melhor é sempre estar com alguém. E assim, elas ficam tentando ser os "certinhos" para terem sempre a aprovação das pessoas que o cercam, sentindo um medo oculto de perdê-las.
Eu vejo a pessoa solitária como alguém que, geralmente, receia encontrar-se, ocultando, assim, o seu próprio "eu" na aparência de infeliz, de abandonado e incompreendido. O maior perigo é que este sentimento negativo de solidão pode viciar, gerando no indivíduo alguns medos paralisantes, como o da velhice, das doenças e da morte e levando-o, quase sempre, a um estado de depressão.
Se você se sente só, a minha sugestão se constitui de 4 passos essenciais:
1) Aprenda a se amar mais, sabendo que você é a sua melhor companhia e, com isso, mesmo que você esteja só, neste momento, você jamais se sentirá sozinho;
2) Abra o seu "reservatório do bem", contribuindo da melhor forma para a melhoria das pessoas;
3) Permita-se ser amado, elogiado, agradado por aqueles que querem o seu bem, tirando de dentro de si as culpas que não deixam você ser feliz;
4) Pratique, sempre que possível, a "solidão saudável", aquela retirada estratégica para você repensar a sua vida, meditar por alguns instantes e se redescobrir como um ser pleno de possibilidades de encontrar a felicidade e fazer os outros felizes.
Vinícius de Moraes (1913-1980), este grande intérprete do que vai na alma humana, escreveu, com toda profundidade:
"A maior solidão é a do ser que não ama. A maior solidão é a do ser que se ausenta, que se defende, que se fecha, que se recusa a participar da vida humana. A maior solidão é a do homem encerrado em si mesmo, no absoluto de si mesmo, o que não dá a quem pede o que ele pode dar de amor, de amizade, de socorro.
O maior solitário é o que tem medo de amar, o que tem medo de ferir e ferir-se, o ser casto de mulher, do amigo, do povo, do mundo.
Esse queima como lâmpada triste, cujo reflexo entristece também tudo em torno. Ele é a angústia do mundo que reflete. Ele é o que se recusa às verdadeiras fontes da emoção, as quais são patrimônio de todos, e, encerrado em seu duro privilégio, semeia pedras do alto da sua fria e desolada torre.
Eliana Barbosa
Recebido de Jorge Carlos Costa
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