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ÚLTIMA MORADA

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Quando os brancos chegaram, já estávamos aqui.
Manterei a minha fé até que as pedras derretam.
O meu tratado é para respeitar o seu Deus sacrificado.
Respeitarei as igrejas cara-pálida.
Mas peço que respeitem o Templo Cósmico do Grande Espírito.
Rezo à noite e as estrelas são um exército de sóis.
De dia, o Sol é festa de luzeiro bem ordenado.
Não sei quem é mais digno de compaixão.
Os brancos que enganam acreditando-se qualidade,
ou nós, índios que nos vemos em grande Bondade.
Somos feitos da argila que faz forte.
Ficamos como rochas de granito.
Não temos contrariedade de toda sorte.
Quando o índio mata a caça é alimento.
Chora o branco, matando até o vento.
Queimando a Natureza. Toda gente se condena.
Os índios se alimentam de grãos e caça pequena.
O fígado do branco, traz rancor que envenena.
Ouvi! Não percam nenhum acento.
Vou fazer Ipê roxo para amolecer argila.
Os brancos que se cubram dela em rito.
Ela arrancará a ruindade em cântico.
E trará limpeza que o Grande espírito destila.
Esse é o grande remédio xamânico.

DON ANTÔNIO MARAGNO LACERDA
Prêmio UNESCO/poemas/jornal
www.jornaldosmunicipios.go.to
[email protected]


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