UMA VISÃO POÉTICA DE MADALENA
Gibran Kalil Gibran, no livro “Jesus, o Filho do Homem”, apresentou um capítulo especialmente dedicado a Miriam de Migdol, que passou à história como Maria de Madalena, porque era um nome comum a muitas mulheres da época; Migdol, porque era natural dessa localidade. O capítulo em referencia é belíssimo. Para que o leitor sinta o que dizemos, apresentamos alguns trechos do texto:
“Foi no mês de junho que O vi pela primeira vez. Ele caminhava pelo trigal quando passei por perto com minhas damas de companhia, e Ele estava sozinho. O ritmo do Seu andar era diferente do andar dos outros homens, e o movimento do Seu corpo não se assemelhava a nada que eu já tivesse visto”.
“Naquela noite, vi-O em meu sonho; e disseram-me, depois, que eu gritava dormindo e me agitava no leito. Foi no mês de agosto que O vi novamente, através da minha janela. Estava sentado à sombra do cipreste, em meu jardim. Sua boca era como o coração de uma romã. E Ele era amável como um homem consciente de sua força. Era como a noite sem trevas e como o dia sem ruídos do dia. Era uma face triste e era uma face alegre”.
“E lembro-me Dele medindo o anoitecer com Seus passos. Não caminhava. Ele próprio era uma estrada sobre a estrada. E era como uma nuvem sobre a terra, que baixa para refrescar a terra. Mas quando me achei diante Dele e falei-Lhe, Ele era um homem, e Sua face era poderosa à vista. E Ele me disse: “Que queres Miriam?”Lhe respondi, mas minhas asas envolveram meu segredo, e senti-me quente”.
“E porque não podia suportar mais Sua luz, voltei-me e afastei-me, mas não envergonhada. Estava somente acanhada, e queria estar só, com Seus dedos nas cordas do meu coração. Seria a minha solidão, ou seria Sua fragrância, que me impelia para Ele? Era uma fome em meus olhos que desejava a beleza e a luz dos meus olhos? Ainda hoje não o sei”.
“Caminhei para Ele com meus vestidos perfumados e minhas sandálias douradas que o capitão romano me deu. Quando O alcancei, disse-Lhe: “Bom dia para Vós”. E olhou para mim, e Seus olhos-de-noite me viram como nenhum outro homem jamais me tinha visto. E subitamente senti-me como se estivesse despida, e fiquei envergonhada”.
“Pois imagina, meu amigo, eu estava morta. Era uma mulher que se tinha divorciado de sua alma. Estava vivendo à parte deste Eu que agora estás vendo. Pertencia a todos os homens e a nenhum, chamavam-me prostituta e uma mulher possuída por sete demônios. Eu era amaldiçoada, e era invejada. Mas quando Seus olhos–de-aurora olharam dentro dos meus olhos, todas as estrelas de minha noite desvaneceram-se e tornei-me Miriam, somente Miriam, uma mulher perdida para a terra que tinha conhecido, e reencontrado-se em novos lugares”.
www.omensageiro.com.br/mensagens/mensagem-544.htm
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