VÉSPERA DE MIM
Hoje é véspera de mim.
Amanhã, quando amanhecer,
Terei um filho que verei crescer,
Serei pra sempre muito mais que assim,
E vestirei meu contentamento,
Passado a limpo por forte tormento,
E em grande orgia de despojamento
Será queimado o meu testamento.
Hoje é véspera de mim.
Amanhã, quando amanhecer,
Todo aprendizado será um mistério,
Vai requerer de mim,
Um novo olhar mais sério,
Deixando claro, que querer saber,
Aumenta um lado que nunca se vê
E, lapidado o aprimoramento,
Toda verdade vira sacramento.
Hoje é véspera de mim.
Amanhã, quando amanhecer,
Convidarei, para minha ceia,
Todos aqueles que foram você.
Deixei de fora e, não sei porque,
Qualquer vestígio de exclusividade
Varrendo o sótão de uma vida e meia,
E se doer, recorro-me à saudade.
Hoje é véspera de mim.
Amanhã, quando amanhecer,
O meu jardim irá florescer.
Serei então, num prévio momento,
Muito mais bela que em qualquer espelho,
Convido a todos para depois, e agora,
Estarei só, em pré solenidade.
Profundamente, pensarei se é certo,
A liberdade de se estar por perto
Se estar por vir
é sempre mais que outrora,
Ou se partir
é sempre mais que agora.
Elane Tomich
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Recebido de Hellen Katiuscia de Sá
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