Uma Sereia emergiu no final do século passado e revirou a história: a Mulher Moderna. Irrompeu tão fortemente, cortou elásticos e emparelhou-se ao Masculino. Encurtou as saias, vestiu terninho, transformou a moda. E pisou feminina, leve e delicada.
Determinada e frenética essa Mulher!
Fez-se uma heroína dos desenhos animados, sem o estalar dos dedos. Assinou rupturas e, com seus talentos, tomou conta de tudo: família, trabalho, casa, talões de cheques, cartões de crédito... Ah! Fez Curso Superior, organizou festas, freqüentou academias, pra que mais?
A sua conta cresceu no banco: o majestoso prestígio, o status triunfal da Mulher.
O mundo estendeu tapetes à Mulher Moderna!
É... a sua conta cresceu: sobrecarregou-se de tarefas, a jornada de trabalho multiplicou, a "independência" aumentou... Que paradoxo! E a Mulher Maravilha não percebeu, ainda!
"Trabalha, trabalha, trabalha, t-r-a-b-a-l-h-a"! Raios! Mulher, não aprendeu a fazer contas?! Primeira hora da manhã... segundo período, terceiro turno... período noturno, horas-extras aos sábados, domingos e feriados... e nas férias... trabalho!
Filhos?! Melhor não vê-los...
Marido? Um estranho no ninho...
Ressalva: Filhos? Melhor não tê-los...
Marido? Alguém tem que ceder...
Nessa séria brincadeira de cérebro pensante e atuante, a mulher está inflada. Ocupou tanto espaço que... nem é bom falar! A sociedade, os lares, as escolas, as creches, tudo se modificou em função da brilhante Mulher. E cá dizendo: Brilhante mesmo! Mas homens e mulheres não são iguais perante a lei... Há as devidas proporções.
A família e o profundo relacionamento foram deslocados para a nova cultura. E tudo aquilo que se transforma provoca custos, vantagens e cálculos. Ah! As contas, Mulher! Faça as contas! Ninguém quer de volta o modelo excessivamente rígido de antes, a era agora é a pós-moderna.
Onde está essa mulher orgásmica que cantou o canto da Sereia? Em sua maioria, num belo e prazeroso legado de responsabilidades. Muitas outras, saboreando o néctar do espaço conquistado. Um grande número está só, com a educação dos filhos e o sustento da casa. Quantas delas, "desencaminhadas ou bem encaminhadas" na pressa do cotidiano... Mais outras, na solidão moral e material... E a maioria delas, despercebidas de que o futuro já passo...
Não sou socióloga, antropóloga, jornalista, historiadora... Sou Mulher! Fui profissional do trabalho. A reflexão é tão somente um flash para provocar sensibilidade, revisão do script da Mulher e, quem sabe, novos questionamentos neste Blog.
Será que a gaiola apenas mudou de tamanho e lugar?
"O desejo é conciliar as vantagens da solidariedade familiar e as da liberdade individual". Michelle Perrot
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