Se você é daqueles que acham que dinheiro não traz felicidade e, por isso mesmo, sente-se um solitário boboca neste mundo materialista, anime-se: vem aí uma nova maneira de medir a riqueza das nações e de seus habitantes.
Chama-se "Normas para Indicadores Nacionais de Bem-Estar e Mal-Estar Subjetivos". Foi concebido pelo psicólogo Edward Diener, da Universidade de Illinois, e divulgado em artigo de autoria de Andrew Oswald (Universidade Warwick) publicado quarta-feira pelo jornal britânico "Financial Times". O título é eloqüente: "Os hippies estavam certos a respeito da felicidade".
A lógica da história, segundo Oswald, é a seguinte: por muito que certos países tenham ficado riquíssimos, seus habitantes não são hoje mais felizes do que eram seus pais ou avós. É o caso do Reino Unido: está vivendo o mais longo período de crescimento econômico desde 1701 (sim, 1701), mas "pesquisas aleatórias com cidadãos britânicos relatam o mesmo grau de bem-estar psicológico e satisfação com suas vidas que tinham seus pais e avós (mais pobres)".
Pior ainda é nos Estados Unidos: "Embora o nível real de renda tenha se multiplicado por seis, a taxa de suicídios per capita é a mesma do ano 1900".
O autor do artigo deixa claro que nenhum dos pontos que levanta está imune a contra-argumentos. Mas sua teoria é instigante, ainda mais ao desafiar a sabedoria convencional que condiciona felicidade (pessoal, política e eleitoral, acrescento) ao crescimento econômico.
Um dos argumentos a desafiar a sabedoria convencional: pesquisas mostram que a prosperidade do vizinho incomoda. "É a renda relativa que conta: quando todo mundo em uma sociedade fica mais rico, a média de bem-estar permanece a mesma", escreve Oswald.
Ou, posto de outra forma, a FIB (Felicidade Interna Bruta) não acompanha necessariamente o PIB (Produto Interno Bruto).
Fonte: CLÓVIS ROSSI - [email protected]
Folha de São Paulo
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