Se Você acompanha os boletins com regularidade, sabe que são escritos sempre em cima da hora e que o assunto é escolhido de forma pouco convencional. Não é feita nenhuma reunião, nenhum brainstorming para encontrar o tema. São os nossos mentores que nos inspiram e em seguida nos intuem, ajudando-nos caso a gente fique de repente olhando um pouco perdido para o monitor. Somos um só, e não importa em que plano as almas se encontrem, o que faz a diferença é o tema, a disposição de ajudar, a leveza das emoções e dos sentimentos envolvidos, aquela serenidade que organiza e direciona os pensamentos, permitindo encontrar as palavras que poderão tocar seu coração e mente.
Portanto, quando apareceu mais uma vez o tema perdão, não fiquei perplexo. Significava simplesmente que precisava tocar mais, muito mais, nesta tecla; esta ferramenta do amor que cauteriza as feridas, que limpa, reaproxima e cura, que nos recoloca no caminho da Luz, prontos mais uma vez para crescermos e nos ajudarmos mutuamente.
E - de repente - as lembranças voltam com nitidez e força, obrigando-me a reviver aquela emoção, a sensação inenarrável experimentada na época quando, sentado de frente para a Maria Guida, percebi que na realidade estava fitando os olhos penetrantes - mas amorosos - de um mentor espiritual que se apresentou como Ramon.
Fiquei inseguro. Não se tratava de algo corriqueiro, muito pelo contrário, pois este tipo de contato não depende da gente e somente acontece em situações extremamente favoráveis; creio decididamente que se trate de algo que todo mundo deveria ter a sorte de experimentar em algum momento de sua existência.
Você se sente como se estivesse somente de cuecas e o prolongado silêncio inicial, as palavras que surpreendem, as sucessivas pausas durante a troca conferem um ar de mistério, curiosidade, gerando até algum desconforto. A enorme vontade de fazer perguntas se esvai quando V. percebe a amplitude de informações, o alcance absoluto que o mentor tem de sua vida, quer se trate de episódios marcantes, quer tenha a ver com o momento presente. O ponto alto, totalmente inesquecível, aconteceu quando ele me perguntou simplesmente "como eu estava".
Fui sincero, como sempre, quando respondi que estava bem, com tudo indo pra frente, que achava ter finalmente encontrado o caminho de minha vida e que estava de bem com todo mundo, pois tinha perdoado as pessoas que fizeram ou fazem parte de minha vida - num "trabalho" permanente, como tinha aprendido com o saudoso amigo Eraldo Manfredi que trouxe a arte do perdão para minha vida e para dentro do STUM. Foi quando falei que decididamente estava "zerado" também com meu falecido pai e com minha vetusta mãe, que fui interrompido por uma pergunta seca e à queima-roupa do mentor: "tem certeza"?
Balbuciei que sim, que buscava sempre realizar o perdão com afinco e de coração aberto, mas o olhar firme do Ramon me tirava o chão, me perturbava e arrancava de mim uma das certezas que tinha incorporado em meu dia-a-dia...
Em seguida, após uma breve pausa para permitir que minha mente se centrasse novamente, ele disse: "quer REALMENTE perdoar e pedir perdão para seus pais"?
Acenei com a cabeça e em seguida coloquei minhas mãos sobre as dele, já estendidas em minha direção. Ele as segurou com muita firmeza e pediu que repetisse em voz alta estas palavras:
"Peço perdão para os meus pais por tudo e também os perdôo por tudo"...
Não deu para prosseguir, as lágrimas embaçaram minha visão e uma emoção nunca antes experimentada travou minha garganta... e agora, ao teclar, estou vivenciando as mesmas sensações de então. O peito começou a apertar e fiquei como que sem defesa, entregue àquelas mãos fortes e ao processo de libertação que estava ocorrendo, tomando conta de mim, da sala, do prédio, mesmo sem que palavras ou formulas predefinidas fossem proferidas. Não precisava falar nada, a energia tomara conta da situação e quando finalmente ele soltou minhas mãos eu me encontrava como que pulsando inebriado, mexido até o dedão do pé, aturdido também... impossibilitado de proferir qualquer palavra.
Mas ao mesmo tempo me sentia como que outra pessoa; estava renovado, aliviado, sereno (do jeito que estou agora ao dar uma respiração tão profunda que até meu couro cabeludo arrepiou).
O encontro estava encerrado, Ramon tinha voltado de onde viera e a amiga Maria Guida com sua meiguice e suavidade estava sorrindo para mim, um ser humano mais consciente, mais humilde, mais confiante e que finalmente perdoara de verdade.
Desde então e especialmente por estes dias em que estou cercado, virtual e fisicamente, de tantas e tantas pessoas ainda muito necessitadas de limpar suas feridas, procurei fazer cada vez melhor, tentando, antes de iniciar a oração, silenciar a mente e atingir um relaxamento profundo, às vezes chegando a me dissolver num vazio abençoado (e do qual não quero sair, mas de repente sou empurrado para fora), que existe nalguma dimensão, onde absolutamente tudo, todos somos um só e a individualidade some e se dissipa por completo.
Neste estado, que todo mundo pode atingir, bastando um treinamento permanente de relaxamento e concentração, multiplica-se a força de nossa visualização e intenção, anulando qualquer obstáculo e distância.
Mantendo firme o propósito, podemos realizar esta técnica todo dia, diversas vezes, nos ajudando e socorrendo a outros.
Após ter entrado recentemente em contato com o Ho´oponopono, utilizo também, quase sem parar, o "Sinto muito, te amo" dos Kahunas, dependendo da percepção do momento, sem muito raciocinar, obedecendo somente à intuição. Devo dizer que os resultados são suaves, confortadores, palpáveis...
Estou aprendendo também a empregar a bendita chave do amor em cada situação que se me apresenta; confesso que não é fácil, em função de nossa programação residual embutida em nossa mente desde a infância e de nossos velhos hábitos.
Chega de conflitos, de confrontos, de críticas ou polêmicas. É possível e saudável buscar a cada desafio, a cada troca, a cada interação, uma verdadeira e constante transformação. É fácil, é uma simples questão de vontade nos tornarmos seres humanos mais amorosos, conscientes e despertos, de forma a "contagiar" pela energia do Amor Incondicional tudo que está à nossa volta, quer se trate de pessoas, animais ou plantas. Não há outra saída, só o perdão verdadeiro muda nossa freqüência vibratória e nos cura de verdade o corpo e a alma; usando a chave do amor tudo pode ser curado. Vale a pena, ouça seu coração, sinta firmeza, experimente também e seja feliz!
Agradeço do fundo, do mais profundo do coração a nossos Mentores, nossos Irmãos de Luz e de caminhada.
Somos Todos UM - Sergio STUM
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