Ouvimos dizer que estamos na Terra, esse planeta-escola, para uma dura aprendizagem. Pensando em qual seria o mais difícil ensinamento que recebemos aqui, cheguei a uma conclusão: pra mim a lição mais desgastante é me relacionar sem criar expectativas com o outro. Esperamos do outro aquilo que somos capazes de dar e quando isso não acontece nos sentimos frustrados.
As maiores divergências do ser humano encontram-se na área de relacionamentos, seja ele familiar, afetivo, de trabalho. Basta uma pessoa ter que conviver com outra, seja por um período longo ou curto, e logo percebemos um amontoado de problemas. Um fala, o outro entende como "consegue"; as interpretações são as mais diversas, mas, na maioria das vezes, geram muitas confusões, dores, separações, e desentendimentos. Fala-se muito em "ter consciência"... que é preciso abrir-se para uma nova dimensão, para acabarmos com as divergências, com a dualidade. Mas, o que seria isso na prática?
"É aprender a ouvir o outro através do coração... e coração ouve??? Sim, quando ele é compassivo, misericordioso e compreende o nível de entendimento que o outro consegue alcançar. Aprendi isso da maneira mais inusitada, numa conversa sobre um assunto importante: moradia e desemprego de uma pessoa muito próxima. Tentando ajudar a resolver esse assunto, conversei com alguém que eu considerava maduro e interessado. Fiquei falando sozinha, enquanto o outro fazia perguntas a um adolescente sobre um vídeo-game!!! Meu filho, vendo minha indignação, chamou-me atenção: "mãe, será que não percebeu que ele não entende o que você está falando"?
Naquele momento, entendi não só o fato que acabara de ocorrer, mas, libertei-me de muito sofrimento desnecessário, quando, sem nenhuma pretensão, percebi que havia convivido com "espíritos-criança", como gosto de chamar adultos sem consciência. Lidar com pessoas sem consciência é igual a falar de física quântica para uma criança de 3 anos de idade: ela vai olhá-la com cara de quem ouve um palavrão.
São espíritos imaturos, com necessidades e prioridades diferentes das nossas. Quando entendemos isso, paramos de sofrer dentro dos relacionamentos, pois, sabemos que quando algo está saindo errado é porque uma das partes está falando outra língua. Podemos deixar para lá, aceitar, qualquer coisa, menos tentar fazer com que o outro nos entenda. Não criamos mais nenhuma expectativa, e saímos do sofrimento e da culpa.
Não esperamos mais nada de ninguém, porque temos a certeza que o universo se encarregará de nos devolver, se for nosso merecimento, aquilo que somos capazes de dar. Paramos de nos sentir culpados pelo que não deu certo; não aceitamos mais acusações que não merecemos e percebemos claramente que o lixo que é do outro, não devemos mais pegar para nós.
Dessa maneira, subimos os degraus na escada evolutiva sem mochilas agarradas nas nossas costas... caminhamos mais rápido e encontramos parceiros sintonizados com a nossa energia.
Levei tanto tempo para entender o maior ensinamento de Cristo: "Pai perdoai-os... eles não sabem o que fazem"!
Esse, sim, é um ensinamento mais que libertador.
Vera Godoy
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