A ECOLOGIA É UMA CIÊNCIA DA PAZ

Autor Mani Álvarez - [email protected]
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A ciência, em sua exigência de objetividade, nos fez perder nossos mitos de origem. Tornou desnecessário buscar nas estrelas o significado da vida, uma vez que esta se tornou decifrável pelas equações matemáticas.

Somos herdeiros dessa cisão entre o sagrado e o profano, entre o humano e o divino, entre a materialidade e a transcendência. Pois se a matéria – mater (mãe) – pode ser explicada, manipulada, explorada, vendida, profanada pelas mãos humanas, para que serve um Deus? Para que um mito de origem?

Assim nos tornamos órfãos de Deus. As religiões patriarcais – judaísmo, islamismo, cristianismo – apesar de reconhecerem um Deus, não o trouxeram para perto de nós, pelo contrário, Ele foi colocado nas alturas, num céu distante, bem longe da mãe terra. Desvinculados daquela espiritualidade antiga e sagrada, tornamo-nos arrogantes e prepotentes, individualistas e egocêntricos. A cultura que criamos reflete os seus criadores: uma cultura de violência, exploração e desamor. Criamos uma cultura egocêntrica.

Mas, para além das religiões, a espiritualidade nos reconecta com um mundo esquecido que nossa cegueira não nos permite ver. Ela mostra uma passagem do ego para o coração – e daí para o espírito. Nem tudo está perdido! Ela toca de novo a nota da transcendência, e volta a falar da origem, dos mitos ancestrais, de uma rota para a unidade originária.

E ao fazer isso – milagre! Somos novamente reconectados com uma parte de nós que havíamos esquecido: nossa capacidade de sermos Um com o Todo. Quando isto acontece, e nos reconhecemos fazendo parte do Todo, entendemos que, de fato, somos todos irmãos, filhos de Deus, temos a divindade como herança.

E o egocentrismo passa a representar uma fase infantil de auto-afirmação do ser humano que, para evoluir, terá de ser deixada para trás. Ainda que a maioria viva mergulhada na inconsciência e sofra a tirania do ego, ainda que muitos passem pela vida como zumbis, sonâmbulos, alienados de si mesmos, buscando nas coisas materiais, nos relacionamentos, no status, a sua Alma esquecida.

Ainda assim... sabemos que somos parte de uma ordem cosmológica maior, mais poderosa e além de tudo que possamos imaginar. E sabemos que podemos nos reconectar com nossa inteireza essencial. E que quando isso acontece, nós nos tornamos inteiros de novo, pacificados, irmanados com o Todo, com o Cosmos, com a humanidade inteira, apesar das diferenças.

É por isso que a ecologia pode se tornar uma ciência da paz. Ela nos torna conscientes de que tudo é Um, de que a realidade é uma imensa rede onde tudo está ligado com tudo. Na verdade, não podemos sequer apanhar uma flor sem que uma onda de ressonância ocorra no universo...

Sendo assim, violência não deixa de ser autodestruição. Porque o que atinge o outro atinge a mim mesma. Como posso agredir, matar, violentar, explorar um outro ser se ele é parte de mim e eu dele? Pensar assim é mudar o paradigma vigente da separatividade que mutilou o nosso ser. Pensar que eu sou o outro, que estou interligada a todo o cosmos, que participo dessa rede viva de conexões, vibrações, energia, faz de mim um ser responsável por cada ato que executo, por cada pensamento que penso, por cada atitude que tomo.

Esta é a grande mudança de paradigma de nosso tempo. Esta é a nova ética que surge, uma ética ecocêntrica, que vem de oikós – morada do ser. Não é mais o ego que está no centro, não mais o egocentrismo, mas sim, o ecocentrismo – lugar onde o Ser faz sua morada.

* Mani Álvarez é psicanalista de orientação transpessoal e diretora do Instituto Humanitatis, em Campinas. Visite o nosso site: link

Texto revisado por: Cris

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