BUG ESTRUTURAL
Alguns de nossos bugs se instalam na estrutura de dados de nossas mentes: em nossas crenças, valores e conhecimentos-base. Trata-se de uma falha no banco de dados. Diferentemente dos computadores, não armazenamos dados brutos, mas associamos informações sensoriais, emocionais e racionais, tanto concretas como abstratas. Gravamos esses dados no decorrer das experiências vividas e também quando acessamos nossa memória. Cada vez que acessamos esses dados, podemos reeditá-los. Uma característica desse conhecimento-base é que ele apresenta os dados que compõem os nossos pensamentos. Uma falha basal significa uma falha sistêmica nos recursos que partem deles. O resultado desse bug estrutural é que nossa atividade mental subsequente sempre apresentará dados corrompidos. São exemplos: falsas crenças, superstições, preconceitos, traumas emocionais, problemas de autoestima, etc. Podemos sintetizar em uma palavra: ignorância. Uma vez tendo um sistema de crenças corrompido, os pensamentos inevitavelmente estarão contaminados.
BUG FUNCIONAL
Os bugs funcionais derivam de hábitos nocivos e sua recorrência altera o padrão de nossa atividade mental. Embora sua ação se dê no nível funcional, ele acarreta danos a longo prazo no sistema estrutural e pode sobrecarregar o hardware (no caso, nosso sistema nervoso e hormonal). Exemplos desse tipo de bug são a ansiedade, a impulsividade, a preguiça, o desleixo e vícios em geral. Atitudes que muitas vezes sabemos que não são adequadas, mas que mesmo assim continuamos a tomar devido a sermos levados pelo desejo ou pela aversão. Seria uma ação mental inadequada à qual damos vazão e que se torna com o tempo um padrão habitual, mais tarde se tornando uma norma interna e passando a afetar o sistema estrutural de crenças.
A boa notícia é que os bugs mentais não são fixos. E diferentemente dos bugs digitais, quem pode corrigi-los não é um programador externo, mas o próprio usuário. A condição necessária é a habilidade operacional da mente. Do básico, podemos nos tornar experts. Observando nossas mentes em operação, detectamos a incoerência em sua atividade causada pelo bug. A ideia não é tentar consertar isso, pois a própria intenção de consertar já é "buggada". A observação pura o levará ao código fonte da sua mente. É a partir de lá que toda a programação mental é feita - uma área sem bugs, onde a linguagem de programação é criada. Você chegou à área dos "zeros" e "uns". A permanência vigilante aí é o suficiente para transformar os dados e enviar as correções para as áreas corrompidas da mente. Essa reprogramação é chamada de meditação. Você se torna o programador interno, aquele que está por trás do programa. O próprio usuário é o único com acesso total à programação-base, o único habilitado a tornar toda a estrutura do sistema funcional e estável.
Marco Moura





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Marco Moura conduz no Centro Dao de Cultura Oriental (metrô Ana Rosa, São Paulo) práticas voltadas ao desenvolvimento integral do corpo e da mente, por meio do Tai Chi Chuan, Qigong e Meditação Budista. E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |