E, pior, isso não começa na adolescência, é uma tática perversa iniciada quando ainda são crianças, recém-chegadas do Astral, quando estão formatando idéias do que é o mundo, o que é importante, quando estão aprendendo o que é “normal”, interiorizando conceitos, valores, estabelecendo padrões, normas de conduta, procedimentos. Desde pequenininhos, a mensagem que recebem das televisões, dos filmes “infantis” e de algumas décadas para cá, da internet, é de que competir é normal, matar os inimigos é normal, barulho, agitação, correria, rebuliço, é normal, passar horas e horas assistindo ou participando de matanças, com membros decepados, cabeças estourando, muito sangue jorrando, tudo é normal, dormir tarde é normal, atravessar a madrugada jogando é normal, tudo isso ao sabor de Coca-Cola, Ruffles, MacDonald, Burguer King, tudo em inglês, tudo americano, os xerifes do mundo, os heróis da liberdade, os defensores da democracia, os salvadores dos povos oprimidos por cruéis ditadores, os inimigos do terrorismo.
Será mesmo? Ou é a mera continuação de uma tática de dominação das nossas cabeças, iniciada no século passado, quando o cinema americano espalhou pelo mundo a imagem da supremacia branca, dos colonizadores brancos, montados em cavalos brancos, com suas esposas brancas, os seus filhinhos loirinhos, em sua missão de levar o progresso para as regiões inóspitas habitadas por aqueles malditos índios, marrons, montados em cavalos marrons ou negros, que – imaginem! – opunham-se a isso e ousavam atacar as pacíficas caravanas, o que obrigava as fábricas americanas de armas a produzir mais e mais armas para os brancos poderem defender-se e cumprir sua missão de amor e sacrifício. Até hoje as fábricas americanas de armas precisam produzir mais e mais armas, claro que cada vez mais sofisticadas, para que as missões de amor e sacrifício possam ser cumpridas, agora não mais por caravanas de loiros e loiras e filhos loirinhos mas por negros e hispanos contratados nos bairros mais pobres dos Estados Unidos para irem para outros países derrubar algum ditador, frequentemente um ex-aliado, matar terroristas, geralmente heróis defensores de sua terra invadida e saqueada, a maioria apoiados anteriormente mas, agora, tornaram-se inimigos da democracia e da liberdade, e devem ser eliminados. As caravanas não são mais de carroças, agora são de navios de guerra e jatos super-modernos, que descarregam milhares de bombas para obter o sucesso almejado mas, no meio disso tudo, insistem em viver milhares de civis ordeiros e pacíficos, e suas famílias, em suas cidades, que pagam o preço de viver ali e morrem, e ficam aleijados, e perdem suas casas, suas cidades são destruídas, escolas, hospitais, e passam a odiar os Estados Unidos que, seguindo uma estratégia iniciada há séculos, ao mesmo tempo em que é o maior vilão da história da humanidade, sempre coloca-se como o mocinho bem intencionado, o zelador do mundo, e finge que não entende porque grande parte da humanidade lhe odeia. Para completar o serviço, lá vão os negros e os hispanos contratados matando, decepando membros, cabeças, estuprando mulheres, destruindo tudo o que vêem pela frente, ao som de um bom rock´n roll americano, muita maconha e cocaína. Os que retornam para casa, voltam aleijados, traumatizados, perguntando-se se os milhares de dólares que receberam como pagamento (pagos pelos contribuintes americanos) valeram a pena. Para não ficarem desempregados, anseiam que as fábricas de armas fabriquem outra guerra, qualquer uma, não faz diferença, o motivo é apenas um disfarce, as fábricas de armas são como qualquer fábrica, fabricam, têm de vender o produto, pode ser para o exército, a marinha, a aeronáutica, que podem ser americanas ou de qualquer outro país, pode ser para que lado for, para os que estão “dentro da lei”, para os que estão fora dela, pode ser para quem combate o tráfico, pode ser para os traficantes, business are business, God is the money.
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