O que fazíamos naturalmente passou a ter regras. Um simples abraço passou a ser negado por medo, e quando imaginaríamos isso?
O simples ato de fazer uma caminhada, correr, ir à academia, respirar ar puro, exercitar o corpo e a mente.
O simples ato de respirar naturalmente, literalmente sem máscaras.
Agora estamos vivenciando um tempo em que as máscaras se tornaram muitas. Além daquelas que já usávamos e eram transparentes, pois as substituíamos sempre que necessário, agora temos as máscaras reais que colocam limites para um abraço, um beijo, uma conversa.
Quem imaginaria que chegaríamos a este ponto? Você imaginou que um dia estaria acontecendo isso?
Que você não abraçaria seu pai, sua mãe, seus amigos?
Que o normal passou a ser o “distanciamento”?
E quando pensa que tudo isso terminou, percebe que ficaram sequelas, e estas como sempre têm origem no medo: “E se acontecer novamente?”; “E se ainda tiver algum perigo?”.
Enquanto navegarmos por navegar sem saber o destino e sem saber onde queremos ir, com quem e para que, não saberemos a razão do porquê.
A nova realidade que estamos vivenciando vem cheia de novos desafios e incertezas. Tudo que conhecíamos e da forma como as conhecíamos sofreram mutações, e muitas mais estão por vir.
Até quando vamos navegar nesse mar de incertezas?
Agora você percebe o quanto é importante saber navegar internamente e se autoconhecer? Quando isso acontece, você muda a sua percepção de mundo, suas certezas começam a aflorar e você fica muito mais seguro para caminhar por esse mundo de experiências.
Ser dono de si, de suas verdades, de sua compreensão, sim, compreensão, compreender que não existem verdades absolutas (“Não há fatos eternos, como não há verdades absolutas”. Friedrich Nietzsche).
Vivemos em um mundo de ilusões, buscando fora o que deve ser conquistado primeiramente dentro de cada um de nós. Assim como não há fatos eternos, não existem verdades absolutas, pois, o que é a verdade para mim e para você?
E, afinal, o que é a verdade, ela sempre terá três faces: a minha verdade, a sua verdade e a verdade. Portanto, o que você vê ou pensa que vê tem a ver com o seu mapa mental, e não com o mapa geral. Nossas percepções são nossas, dificilmente conseguiremos expressar as nuances internas, até porque cada um tem sua própria paleta de cores, a qual usa para pintar a sua realidade.
Em que realidade você está inserido neste momento? O medo ainda o controla?
Em que mar você deseja navegar? São escolhas pessoais, e não existe julgamento para esta escolha. Você é você e tem o seu ritmo, o momento pede que seja gentil consigo mesmo, faça o que consegue, escolha por onde começar, porém, escolha o caminho mais adequado às forças que tens neste momento.
Faça algo de acordo com sua capacidade de compreensão, de acordo com sua capacidade emocional, seja gentil consigo, você não precisa provar nada para ninguém.
Este é o momento em que precisamos olhar para o todo e saber que nem tudo exige que sejamos ou façamos algo que não tenhamos a força adequada para exercer. Lembre-se, todo o seu esforço deve corresponder ao que realmente necessita, e não precisa em hipótese alguma corresponder ao que os outros esperam de você.
Enquanto agir e pensar em prol de suprir necessidades externas ou necessidades de aceitação, você não estará sendo verdadeiro e sua caminhada estará sendo trilhada somente pelos caminhos indicados pelos outros, porém em algum momento você terá que parar e refazer esse caminho, porque a vida nos exige a evolução, e esta é pessoal, não é o caminho do outro. Ele terá que ser somente seu e, nesse caminho, a direção, as decisões e as conquistas são suas, começando pelas decisões que começam com um primeiro passo em direção a si mesmo.
Geralmente esse caminho pessoal é uma jornada onde os pés acabam machucados na caminhada, porém a cada passo você percebe que não quer recuar, não importa o desafio, os resultados sempre estarão a seu favor.
E você aprenderá algumas coisas, como, por exemplo, que devemos amar mesmo, apesar de, pois o amor não tem restrições, a equação que o define é o equilíbrio, o bom senso, o olhar amoroso que compreende o estágio em que o outro se encontra e o acolhe “apesar de”.
Nesse ponto, percebemos que aprendemos que o leme está em nossas mãos e o mar já não está tão bravio, está mais calmo, e que as incertezas estão cada vez mais se transformando em certezas. Não é um caminho fácil e muito menos rápido, mas é um caminho no qual o sentimento de percorrê-lo é um sentimento mais leve, mais sereno.
Então, você me perguntará: este caminho é muito longo, vale a pena?
Eu poderei responder: o caminho é longo, é desafiador, é cansativo e você sentirá, com certeza, vontade de desistir dele muitas vezes, porém, a cada passo você aprenderá tantas coisas novas sobre você, e sobre o mundo que você moldou para si mesmo, que as ilusões aos poucos darão espaço a novas paisagens com novas cores, e você poderá compor a sua própria poesia sobre sua jornada. Sim, definitivamente, vale muito a pena!
Texto Revisado
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