O estranho caso da pasta azul

 O estranho caso da pasta azul
Autor Priscila Gaspar - [email protected]
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Cartas (parte 4)

Depois do ocorrido com o precioso auxílio da Sueli e seu balaio das cartas amarelas, minha vida retomou o rumo. Eu estava casada, já tinha as duas filhas e dava aulas de biologia em faculdade e cursinho pré-vestibular. Havia trabalhado para desenvolver a mediunidade, auxiliado na fundação de um centro espírita e psicografado alguns livros. Ainda não havia cursado psicanálise e sequer fazia ideia de que iria deixar de ser professora e me tornar terapeuta, um dia!

Em um sábado à tarde, eu e uma colega de trabalho, também professora e médium, estávamos em casa e conversávamos muito. Minhas filhas, então com seis e dois anos, querendo atenção, traziam brinquedos e colocavam sobre a mesa da cozinha, onde tomávamos café. Uma delas trouxe uma caixinha com um baralho e abriu. Para brincar com elas, minha colega começou a dispor as cartas sobre a mesa, depois embaralhou e pediu que eu as lesse para ela. Dei uma gargalhada e recusei, alegando que não tinha a menor ideia de como fazer isso. Então ela cortou o baralho e falou:

–  Abra como quiser e me diz o que vier à sua mente!

– Tá bom, se é de brincadeira, eu topo! – respondi!

E então fui abrindo e falando qualquer coisa, sem a menor relação simbólica com as cartas, apenas seguindo minha intuição*. Para mim, era apenas uma brincadeira, eu não estava lendo cartas de verdade. Até minha amiga dizer, com seriedade:

–  Você leva jeito pra isso!

– Ah, para, estamos só brincando! – respondi, constrangida.

–  Vou fazer uma pergunta e você vai ver pra mim... – disse-me com seriedade –  Meu pai perdeu um documento muito importante, necessário para passar a escritura da casa. Já procurou em todos os lugares e não encontra, está desesperado! Vê aí nas cartas a resposta. Onde está esse documento?

Sentindo-me, de certa forma, coagida e consternada pela situação do pai dela, fui olhando as cartas e deixei minha mente voar. Eis que, do nada, surge uma imagem mental muito nítida: um retângulo azul, dentro de um grande cubo branco, fechado. Descrevi pra ela, mesmo que não fizesse o menor sentido pra mim. E ela, surpresa:

–  Meu Deus! O documento estava em uma pasta azul! É o retângulo azul que você viu! Mas cubo branco? Os armários do escritório do meu pai são todos de madeira escura. Já reviramos todos! Armários brancos, lá em casa, só tem na cozinha. Mas vamos olhar lá! Depois dessa sua visão!

No dia seguinte, ela me telefonou, dizendo que procurou, juntamente com a mãe e o pai, em todos armários da cozinha e realmente, a pasta azul com o documento perdido estava no fundo de um deles. Não faziam ideia de como a pasta tinha ido parar lá! Talvez alguma distração do pai, já idoso, com alguns problemas de memória. Mas a causa não importava! Estavam felizes por terem encontrado o que precisavam! E tudo, segundo eles, “graças aos meus poderes mediúnicos e de cartomancia”!

Desde esse dia, nunca mais havia pego em um baralho para ler cartas, nem tido o menor interesse em fazer isso... Pois continuei a achar que não levava jeito para isso, acreditando que encontrar a pasta azul não passara de uma coincidência! Até que tudo mudou e precisei rever novamente minhas crenças quando ganhei o curso de tarô!

*A intuição é uma habilidade de todo ser humano, geralmente um pouco mais desenvolvida no gênero feminino. É uma percepção além da razão e da lógica, pelo processamento inconsciente de múltiplas informações cognitivas e sensoriais.  Pode incluir percepções extra-sensoriais, quando relacionada à mediunidade intuitiva.






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Conteúdo desenvolvido pelo Autor Priscila Gaspar   
Priscila Gaspar é Psicanalista, Terapeuta de Regressão e Terapeuta de Casais, com especialização em Sexualidade Humana. Atende em psicoterapia individual e de casal.Contato: [email protected]
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