Conheci Rio Preto no início dos anos 1970, quando a atual rodoviária ainda não tinha sido inaugurada e não existia o calçadão. Na época, jovem desempregado, morava em Marília e vendia (ou tentava vender) pecúlio ferroviário para conseguir alguns trocados e sobreviver. Não consegui vender nada, porém gostei do que vi. Uma cidade em crescimento, já dando os primeiros passos para se tornar a grande metrópole em que se transformou atualmente.
No ano de 1985, morando e trabalhando em um Banco na cidade de Rio Claro, recebi a missão de abrir uma frente de trabalho na área de informática em Fernandópolis. De mudança, ao passar pela rodovia Washington Luiz, comentei com minha esposa que adoraria morar em Rio Preto, que havia conhecido e me encantado nos anos 1970, e que faria tudo para que tal fato se concretizasse.
Um ano após implantar a estrutura em Fernandópolis, surgiu a ocasião. Um concurso interno no banco dava a oportunidade para assumir a Coordenadoria Regional de informática em 12 localidades no interior do estado. Classificado em 4º lugar, tendo à frente os colegas de Araraquara, Marília e Bauru que obviamente escolheram suas cidades, tive a chance de escolher Rio Preto. Durante o período de 90 dias de experiência no cargo trabalhando na Rua Siqueira Campos com a Voluntários ao lado da Catedral, fiquei hospedado em um hotel na Rua General Glicério, tendo entre os dois pontos o calçadão, justamente o que mais me encantou inicialmente na cidade, além da avenida Andaló. Depois desse período me mudei para Rio Preto, perto do Hospital de Base e posteriormente ao lado do Shopping Iguatemi onde estou até hoje. E lá se vão 38 anos!
Me apaixonei pelo calçadão. Atravessava todos os dias durante a semana indo do Hotel ao Banco e vice-versa, e nos finais de semana ia para Fernandópolis ficar com a família. Eu vivia um calçadão bem diferente do que é hoje. Almoçava no Só Suco, jantava no Salada Paulista com sua pizza de massa grossa e muito queijo, às vezes frequentava o Bambina em frente à praça Rui Barbosa. Eventualmente uma esticada até a Churrascaria Gaúcha na Prudente de Moraes, ou ao Zero Grau, na Andaló. Sempre a pé, sem risco de andar à noite pelo centro.
Infelizmente o calçadão já não é o mesmo de quando se podia frequentar à noite. Embora revitalizado e ainda com melhorias nas praças, hoje está deteriorado em sua essência. Difícil frequentar até durante o dia, com trânsito de veículos liberado, presença de moradores de rua e falta de segurança.
Hoje me apaixonei pela cidade como um todo. Existem muitos lugares que me encantam e não pretendo mais sair de Rio Preto, cidade onde me estabeleci definitivamente, salvo situações que venham a fugir do meu controle. Ainda vou uma vez por semana ao calçadão, e lembro com nostalgia dos primeiros meses da minha estada por aqui. Mas é necessário recuperar o calçadão em seu âmago, em sua substância. Transformar o calçadão em um Shopping a céu aberto, com música ao vivo à noite, jogos e brincadeiras para crianças, peças teatrais, lojas abertas, restaurantes, cafés e total segurança para seus frequentadores.
“Sonho de uma noite de verão” de um cidadão que se considera rio-pretano, e que teve no calçadão a porta de entrada para o amor que desenvolveu por esta maravilhosa cidade!
Texto Revisado
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Escritor, jornalista, com nove obras escritas e cinco publicadas. Veja no item "produtos". E-mail: [email protected] | Mais artigos. Saiba mais sobre você! Descubra sobre Autoconhecimento clicando aqui. |