O exaustor divino

Eu entendo a mediunidade como uma oportunidade expressiva para o desenvolvimento dos talentos do ser humano.

Sim, às vezes ela surge com dores, dificuldades.

E há aquelas que desabrocham com leveza.

Régis era um médium de amplas percepções, exímio pianista. Era hanseniano (leproso) e tinha sequelas nas mãos e nos pés.

Viveu no Sanatório Pirapitingui, em Itu (atual Hospital Dr. Francisco Ribeiro Arantes)

Conheci ele na primeira visita que fiz naquele hospital.

Foi um grande amigo. Tinha suas instabilidades emocionais e espirituais. Afinal, foi tirado do convívio familiar e social ainda garoto, por causa da doença.

De quando em quando, ele era dominado por processos psicóticos e obsessivos intensos. Era, então, levado coercitivamente para o setor de Psiquiatria existente dentro do Sanatório. E ficava lá, isolado em semiconsciência.

De repente, tudo se transformava. Régis estava curado!

E seguia sua vida.

Um dia me perguntou:

"Wilson, você é médium, pesquisador. Me explica porque acontece isso comigo? Punição divina? Erros na vida passada?

Perdi, ainda menino, a família, uma ampla casa com piscina. E fui jogado na beira da estrada, sem meus pertences, nem documentos.

Éramos arrastados para longe da cidade e depois levados em caminhões. Fui parar nessa cidade, Itu, no Sanatório Pirapitingui.

Meu lar, minha nova família, dezenas de doentes afetados pelo Mal de Hansen, a hanseníase.

Então, meu amigo, por que essa crise? Disse pra ele que nada intuía sobre o episódio.

Disse pra ele: Régis, o Divaldo Franco virá aqui fazer uma palestra. Vamos perguntar pra ele.

Seus olhos brilharam. Sim, amigo, ele trará a resposta.

No mês seguinte, Divaldo chegou e o Regis foi falar com ele.

O médium baiano, atuado por sua mentora Joana de Angelis informou:

"Reginaldo, sua mediunidade é divina. Você tem missões especiais, uma delas é essa. Ele olhava curioso para o médium criador da Casa do Caminho na Bahia.

"O setor psiquiátrico aqui no Hospital Dr. Francisco Ribeiro Arantes - Pirapitingui, é uma bomba-relógio, abriga homens e mulheres, que além da hanseníase, tem doenças mentais, obsessões e vampirizações expressivas.

A energia que se irradia dali pode afetar as dezenas de doentes aqui abrigados e até se estender pelas cercanias e visitantes.

Então, a falange Espiritual que cuida desse povo, dirigida por Jésus Gonçalves, que é um ser espiritual de alta envergadura, convoca você pra funcionar ali como um exaustor, um canal de luz. No tempo que você está lá dentro, através da sua mediunidade, os Espíritos do Bem fazem limpeza e atraem para cada internado força e paz. Terminada a tarefa/ missão, eles recompõem você. O equilíbrio se reinstala em sua mente e os médicos o liberam, dando alta".

Régis chorava de emoção, abraçado ao médium e agradecidos fizemos ali mesmo uma oração.

O calvário era um caminho de Luz!

Abençoada mediunidade.

Abençoado Régis!

Wilson Francisco