UMA ESPIRITUALIDADE PARA SALVAR A NATUREZA - Parte I

Autor FEMININO ESSENCIAL - Patricia Fox - [email protected]
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Nos últimos anos, mais e mais pessoas parecem perceber que o atual modelo de exploração do meio ambiente não pode mais persistir. Já são séculos de desmatamentos, poluição de águas e ar e extinção de incontáveis animais e plantas.
A Natureza está gritando basta! e temos de dar ouvidos até porque nós fazemos parte dessa Natureza e dela dependemos, queiramos ou não.

Em tempos recentes, houve grandes avanços filosófico-científicos, como a aceitação nos anos Setenta da conhecida Hipótese Gaia, através da qual o pesquisador James Lovelock propõe que o planeta Terra é um organismo vivo, auto regulável, com todas as reações de qualquer outro ser vivente. Por conta disso, a Terra não poderia mais ser explorada como nos moldes atuais, mas deveria ser compreendida e respeitada.

O crescimento dos movimentos de ecologistas ao redor do planeta também demonstra uma nova consciência. Mais e mais pessoas colaboram, ainda que à distância, com as inúmeras ONGs voltadas para a defesa do meio ambiente seja em escala global, seja num âmbito local. Diversas cidades ao redor do globo já trabalham na despoluição de seus rios e na restauração de áreas verdes, e mesmo onde não exista um programa oficial de coleta seletiva, a iniciativa privada e os próprios cidadãos lutam para diminuir o desperdício. Até mesmo órgãos governamentais, geralmente insensíveis a causas ecológicas, começam a propor e sancionar leis que contemplam as necessidades dessa área.

São mudanças importantes, mudanças que se manifestam em novos conceitos, novas idéias e novas atitudes. Mas talvez isto não baste. Os danos ainda são muitos, e o organismo da Terra começa a dar claros sinais de esgotamento e colapso notadamente no que diz respeito à água potável. O problema é muito mais grave do que se imagina: para se ter uma idéia clara, basta ver as somas incalculáveis de dinheiro destinadas à pesquisa espacial em busca de água em outros planetas do Sistema Solar...
Mas se a situação é assim tão premente, por que então as pessoas demoram tanto a reagir? Por que todos sabem o que deve ser feito, mas tão poucos se mobilizam? Talvez a resposta esteja numa palavra: espiritualidade.

O mundo atual é totalmente desespiritualizado. Os valores sociais, a vida diária das pessoas, salvo raríssimas exceções, possui poucos elementos de espiritualidade. Não falamos aqui de uma espiritualidade declarada em sensos ou em questionários, mas sim um desenvolvimento autêntico de conceitos fundamentais para os seres humanos, como a alma e as relações desta com o todo que nos rodeia as outras pessoas, as paisagens, o alimento ingerido em suma, a relação que estabelecemos com tudo aquilo que faz da nossa vida o que ela é.

E chega-se a conclusão que essa desespiritualização da humanidade trouxe uma das piores conseqüências possíveis: a ausência de honra nas relações. Não se honram mais os alimentos que nos trazem sustento, não se honram mais as preciosas horas de sono que nos restauram a energia; não se honra mais o trabalho, não se honram mais as árvores e os animais, não se honram as pessoas: não se honra mais a vida!

A vida como um todo foi dessacralizada. Hoje mata-se por um par de tênis. Mata-se por um time de futebol, por uma batida num cruzamento, pelo fim de uma relação. Muitas pessoas vêem nisso um reflexo da desintegração do tecido social, o que é verdade - mas não toda a verdade.

Em sociedades onde os valores espirituais estão arraigados no dia-a-dia das pessoas, em culturas onde os crimes estão associados não só a legislações, mas também a valores éticos e morais mais profundos, é raro ver um gesto de delinqüência. Alguns países islâmicos possuem leis tão severas contra crimes que ninguém nem ousa cometê-los... não se questiona aqui a correção ou não de se executar alguém que tenha cometido um roubo. O que se ressalta é o fato de que, por respeito àquilo em que se acredita, essas pessoas não se entregam a desejos "criminosos". Quem impõe essa proibição? Elas mesmas. Em obediência àquilo que acreditam ser correto. Assim como, até bem pouco tempo atrás, açougues, leiteiros e padeiros deixavam o pão de seus clientes à soleira da porta, na calçada, e ninguém sequer lhes tocava. É uma questão de moral. De valores. De honra.

A honra numa relação é algo esquecido, raro de se encontrar. Toda relação deve possuir honra: entre um casal, entre pais e filhos, entre amigos. Entre uma pessoa e seu trabalho, seu alimento, sua casa, seu meio ambiente. Assim ocorre atualmente entre os povos indígenas das Américas e entre os aborígenes da Austrália. Assim ocorria entre diversas culturas ditas primitivas. Honra-se a vida. Vive-se com honra. Morre-se com honra.

A pergunta que fica então é: por que não há honra no mundo moderno? Por que as pessoas reclamam tanto de seus empregos e seus relacionamentos? Por que não honram sua refeição?

VEJA A CONTINUAÇÃO NA PARTE II DO ARTIGO.

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