A depressão e a culpa!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 11/16/2014 10:38:36 AM
A vida transcorre tranquilamente, família estável, filhos encaminhados, a relação indica estar bem e de repente, o brilho no olhar começa a se apagar, uma suave tristeza começa a aparecer, sem causas aparentes ou razões definidas, atribuída normalmente a algum mal estar, até mesmo físico, “amanhã estarei bem”, frase comum de se escutar.
Os dias passam e a evolução dessa tristeza começa a tomar forma de uma depressão, “depressão leve”, como costuma ser diagnosticada. Um suave antidepressivo dará jeito nisso, “Daqui uns dias não terá mais nada”. E sem maiores porquês o desinteresse se instala e a apatia toma conta.
Várias e conjuntas causas levam as pessoas à depressão. Uma delas, e mais comum do que se imagina tem feito seus “estragos” sem que seja percebida como causa: a culpa! É o que a pessoa sente quando fez ou sente algo que acredita não deveria ter feito ou sentido. Exemplo? Vai embora de uma festa porque sua companhia não lhe deu atenção, deixando-a sozinha. Depois verifica que não deveria ter agido assim. Sentir grande raiva de seu pai, pois ele a castigou indevidamente. Logo após o pai passa mal. A pessoa inconscientemente associa o problema do pai com o que sentiu em relação a ele.
Em uma cultura de pecados, recriminações, julgamentos é difícil sobreviver às pressões que induzem à culpa e ao remorso, mesmo quando não existe, mas também ocorre de haver embasamentos para tal. Em artigo anterior (A escravidão interior) disse: “...onde há culpa, coloque responsabilidade.” “Onde há remorso, viva o arrependimento responsável...”. E onde não existe razões para tal, respire fundo e não se deixe sucumbir à manipulações para a indução a esses estados.
Vocês já se perguntaram por que é mais comum as pessoas ficarem amargando culpas do que se responsabilizarem por seus feitos? Prenderem-se aos remorsos e caminhando com arrastar de chinelos do que levantarem as cabeças e seguirem suas vidas? Mais simples do que se imagina, é o evitar o enfrentar as consequências do praticado.
Menos comum do que deveria, quando culpados de algo, assumirem seus erros e responderem por eles, da forma como tem que ser. Quando o remorso se manifesta, ele está apontando para uma tomada de consciência de algo que não deveria ter sido feito, o arrependimento responsável implica na ação coerente de quem realmente tomou consciência de seus erros no feito.
Quem assim age além de reparar seus feitos quando possível, não reincide, não repete outras vezes, pois amadureceu e aprendeu com seus erros. Vocês conhecem pessoas que vivem se desculpando por algo e vivem fazendo as mesmas coisas pelas quais se desculpam? Elas não estão de fato arrependidas e reconhecedoras de seus erros. Estão apenas dizendo: “calem a boca, não me encham!”.
“A Sra. precisa reagir.”. “ O Sr. não pode se entregar assim.”, colocações médicas comuns aos que estão tomados pela depressão. Aprender a responder existencialmente pela própria vida e pelas consequências de seus feitos é algo que nossa sociedade não está favorecendo. Cada vez as pessoas estão se tornando mais fracas para o serem responsáveis. Para tudo tem se dado explicações e justificativas. Cada vez mais os pais estão protegendo seus filhos, poupando-os de assumirem seus atos, sem perceberem que de fato estão contribuindo para o aumento de doenças, tanto em quantidade como em surgimento de novas patologias.
Para tudo há porquês e afastamento dos fatos. Criticamos tanto a impunidade que reina nos meios políticos, porém esquecemos-nos do quanto somos nós que possibilitamos seu surgimento. Tão comum a corrupção, sem lembrarmo-nos dos pedidos de “quebra o galho, seu guarda”, do “deixa passar dessa vez, não vai acontecer de novo”, “toma esse cafezinho...” e assim por diante.
Com a responsabilização de nossos atos, a depressão existiria muito menos em nossas vidas.
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