A falsa realidade!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 10/5/2014 9:15:50 PM
Será possível isso? Se for falsa não é realidade, mas se é realidade não é falsa. E agora?
Em um mundo onde as invasões de nossos lares ocorrem tão violentamente, seja via internet, seja via televisão, ou mesmo por tantos “cadernos” impressos com a vida dos “famosos e bem sucedidos”, acabamos dando por verdade que o que estamos assistindo, por exemplo, na “telinha”, é real.
Você já viu alguma novela cuja empregada que more na periferia seja mostrada dentro de um barraco descolorido e manchado, onde cinco, seis ou mais pessoas dividem o mesmo cômodo, onde as camas sejam amontoados de trapos pelo chão e o banheiro então, que horror só de imaginar? Você já viu alguma empregada realmente feia, com falha nos dentes e manchas na pele?
Não! Os barracos são espaços que muitos de nós, classe média não possuímos, as arcadas dentárias, que deslumbre. Manchas na pele, nem pensar. Se essas coisas fossem mostradas em uma novela, ela não daria ibope, não teria assistência, pois a vida já é tão sacrificada que ninguém se disporia a chegar de um dia árduo de trabalho e ficar horas assistindo imagens feias e de sofrimento.
As tramas são apresentadas cada vez mais sofisticadas e ocorrem envolvendo todas as classes sociais, mas com um limite na demonstração da pobreza humana, caso contrário, não haveria respaldo do publico. Mas nós não vivemos “na telinha”.
Tudo que é feito para se passar às pessoas, é devidamente estudado e filtrado, de forma a ser agradável aos olhos e ouvidos, prender a atenção de quem recebe a informação, pois caso isso não ocorra, é um investimento que “nasceu morto”.
Esta visão passada pelo mundo informativo e formador de opiniões é apresentada como verdadeira e tornou-se referencial para um grande número de pessoas. Passou a ser um modelo de como deveria ser a vida de cada um.
A vida aqui fora é real. Nós somos nossos próprios roteiristas e na maior parte das vezes, ao analisarmos o roteiro que estamos determinando para nossa vida, não atentamos para se ele vai realmente ser agradável e fiel aos nossos olhos e possibilidades. O número de pessoas insatisfeitas com a própria vida, porque ela nem de longe se assemelha com o referencial que adotaram para analisarem seu viver, é assustadoramente grande.
Aqui fora não se tem o mesmo glamour que é apresentado. A partir de então, a vida passa a ser vista sem, encanto, sem fascínio, sem charme, sinônimos de glamour.
Mas é lógico que a vida tem fascínio, tem encanto e tem charme. Tem glamour sim, mas que se encontra em atividades e realizações bem diferentes das mostradas. Apenas os que conseguem encontrar em seu dia-a-dia, em suas atividades e seus relacionamentos o sabor de viver é que conseguem então sentirem-se realizados e felizes.
Para os que abraçam os referenciais externos à suas vidas, fica a insatisfação, o desanimo e a falta de motivação para darem andamento a seus projetos, suas vidas. Alias, é um erro falar em projetos, pois essas pessoas não se “atrevem” a definir um projeto de vida, apenas vão vivendo, como a vida as leva.
Não é derrotismo nem pessimismo, é a constatação dura de como a maioria da população está submetida à vontade de interesses capitalistas e manipuladores.
Enxergar beleza em suas relações, em suas conquistas, no que lhes pertence é que faz com que cada um se valorize e tenha uma autoestima elevada. O sucesso não se apresenta no acúmulo de bens materiais e de poder, mas na concretização de seus sentimentos interiores. Na realização do que realmente lhe é importante, não do que outros apontam como importante.
Ver a realidade não é entregar-se a uma visão pessimista da vida, já que nem todos são “protagonistas ou figurantes de estórias montadas e com finais felizes”, mas construir com entusiasmo e otimismo o caminho criado por cada passo dado em direção ao que vem pela frente.
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