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A Verdadeira Crise

Atualizado dia 1/6/2016 2:13:42 PM em Almas Gêmeas
por Antony Valentim


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Nunca ouvi tanto sobre crise como ultimamente, embora o país já tenha passado por muitas, algumas inclusive extremamente piores que a atual. Tudo bem que no passado o Brasil vivia contextos diferentes, situações diferentes e tinha elementos periféricos diferentes. Quanto maior o grau de sensibilidade de uma nação, maior a percepção dos desequilíbrios. Somos um povo mais sensível hoje em dia, e talvez por isso, essa consciência mais lúcida que no passado não existia tão vigorosamente.

Mas, por pior que seja a crise, sob a ótica espiritual, ela é apenas um impulso à evolução, uma daquelas grandes bênçãos disfarçadas de tragédia que chegam, arrasam tudo e fazem com que nos reinventemos. Se observarmos a história da humanidade, veremos que as maiores crises foram sucedidas dos maiores progressos, das mais arrojadas estratégias, das soluções mais inovadoras e dos mais memoráveis sucessos. Definitivamente, a criatividade e a força encontram solos muito férteis na angustiosa situação de uma crise.

Naturalmente, isso não vale apenas para as questões econômicas e financeiras de uma nação. Trata-se de uma realidade que vivemos em nível pessoal de tempos em tempos – sejam eles mais espaçados ou não. Todos, em algum momento da vida – e certamente mais de uma vez - seremos convidados à tensão que nos deixará mais afinados, como as cordas de um violino preparadas para uma harmoniosa melodia. E quando enfrentamos essa realidade com todos os recursos que temos, abstendo-nos da condição de vítima, superamos a nós mesmos e subimos mais um degrau.

Quando porém nos entregamos aos malogros de uma situação difícil, esmagados pelos exageros que amplificam o real peso dos problemas, violentamos nossa inteligência e negligenciamos as bênçãos que o Pai nos concedeu, tendo mais fé nos problemas do que nas soluções. A verdadeira crise na verdade é a crise de fé, de crença no invisível. Dificilmente nos deixamos revestir pela certeza inabalável de que Deus é por nós, e diante de uma violência no caminhar, raras vezes acreditamos que temos mais força do que aquele problema.

Conjecturas filosóficas à parte, o que fazer diante de uma crise? Agir. Analisar para mudar. Planejar para atuar. Lançar um novo olhar para nossas possibilidades e estraçalhar o orgulho – sempre tão fútil e tão inútil – para aproveitarmos os valorosos benefícios de um desafio que nos tira da rotina, da mesmice, do tédio, da inércia.
Se a crise é no relacionamento, converse, exercite o desapego, valorize-se e restabeleça o contato. Se não for possível, deixe a renovação imperar.
Se a crise é financeira, corte gastos, priorize coisas de fato indispensáveis e trabalhe duro. Busque desde já novas alternativas para aumentar sua renda ou diminuir seus gastos.
Se a crise é no trabalho, converse. Entenda as origens do conflito e esteja sinceramente disposto a dispersá-lo.
Se a crise é com seu corpo, seja mais gentil com ele. Coma melhor, exercite-se, ainda que esporadicamente. Cuide do instrumento precioso que lhe permite viver essa experiência inesquecível da vida.
Se a crise é mental, cuide da sua cabeça. Selecione melhor o que você vai deixar impactar sua mente, filtre com mais qualidade aquilo que você quer deixar fazer parte da sua vida.
Se a crise é moral, oriunda de um vício, uma obsessão ou algo que você não consegue mudar sozinho, ou nem ao menos saber por onde começar, peça ajuda. Mas não a ajuda do vizinho ou do amigo que talvez esteja na mesma sintonia que você.

Mas em qualquer crise, independente dos motivos ou causas, examine como está o seu relacionamento com Deus. Não para que as pessoas vejam, não para que você seja aprovado por esse ou aquele grupo de pessoas, e menos ainda por status. Seja sincero com você mesmo diante Dele, e deixe-O verdadeiramente guiar seus passos. Se toda solução de crise começasse nesse passo, o melhor de nós afloraria com muito mais intensidade, e eliminaríamos na raiz a maior de todas as tragédias humanas: a crença de que as lutas edificantes não serão capazes de gerar resultados edificantes. 

E por mais que possam existir por aí milhares de fórmulas mirabolantes para se alcançar o sucesso e superar qualquer situação difícil, não existe solução mais definitiva e eficaz do que o simples “agir com retidão”.

Mentir, enganar, ludibriar, tentar conduzir a situação no braço, forçar coisas com violência, tomar decisões com base no orgulho e  na vaidade, enfim, agir de forma destoante do que é correto, pode até satisfazer um desejo, pode até nos proporcionar uma ventura de curta duração. Mas o que é justo e bom, se torna perene. A melhor escolha é, em qualquer circunstância, andar na proteção daquela moral ditada há 2 mil anos por Jesus. Isso inclui sobretudo a humildade de nos reconhecermos falíveis e a indispensabilidade da certeza sinceramente humilde de que precisamos uns dos outros.

Em especial, se conseguirmos verdadeiramente cumprir 7 dos principais ensinamentos do Mestre – e diga-se de passagem, os mais difíceis – estaremos caminhando rumo à solução de qualquer crise, de qualquer natureza, em nível pessoal:

1- Tudo quanto, pois, quereis que os homens vos façam, assim fazei-o vós também a eles. 
2- Se teu irmão pecar [contra ti], vai argui-lo entre ti e ele só. Se ele te ouvir, ganhaste a teu irmão.
3- Buscai, pois, em primeiro lugar, o seu reino e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas.
4- Eu, porém, vos digo: amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.
5- Eu, porém, vos digo: não resistais ao perverso; mas, a qualquer que te ferir na face direita, volta-lhe também a outra.
6- Não acumuleis para vós outros tesouros sobre a terra, onde a traça e a ferrugem corroem e onde ladrões escavam e roubam.
7- Por isso, vos digo: não andeis ansiosos pela vossa vida, quanto ao que haveis de comer ou beber; nem pelo vosso corpo, quanto ao que haveis de vestir. Não é a vida mais do que o alimento, e o corpo, mais do que as vestes?

A interpretação de cada um desses ensinamentos muda de acordo com a religião, a filosofia de vida e a própria experiência de vida, mas detalhes de entendimento à parte, se conseguirmos exercitar a essência dessas pérolas preciosas, venceremos a verdadeira crise: a da fé inabalável de que não estamos sozinhos nessa jornada terrena.

Texto revisado

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Conteúdo desenvolvido por: Antony Valentim   
Antony Valentim é um ser comum, sem privilégios ou destaques que o diferenciem das demais pessoas. Devorador de livros, admirador de culturas religiosas sem preconceitos, e eterno aprendiz do Cristo. Mestre de nada, sábio de coisa alguma. Alguém como você, que chora, sorri, busca, luta, exercita a fé e cultiva no peito a doce flor da esperança.
E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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