Arcano XVII - A Estrela - Um vínculo com a esperança
Atualizado dia 5/2/2015 8:56:36 PM em Almas Gêmeaspor Adriana Garibaldi
Ficava emocionada com minha própria rogativa e as estrelas, que momentos antes se mostravam nítidas aos meus olhos, pareciam desfocadas pelo véu de minhas lágrimas. Pensava que o dia em que esse grande amor chegasse, nunca mais choraria nem me sentiria sozinha, como se o amor fosse tão onipotente ao ponto de dissipar todas as dores e tristezas. Imaginava-o trazido pelo destino na pessoa de um companheiro único, quase perfeito.
Pensava que em algum lugar do mundo ele estivesse olhando para céu nesse preciso momento e uma conexão via-estrelas estivesse sendo criada, unindo nossas vidas num elo magnético, como um pacto firmado entre nós: as estrelas, o meu grande amor e eu.
O tempo da adolescência é um momento singular; o próprio termo adolescência guarda esta conotação, um tipo de adoecimento, como se ficássemos contaminados pelos sonhos idealizados, de quereres que ainda não podem ser satisfeitos, uma espécie de virose dos sentidos exacerbados, nos quais a vida fica suspensa, entre a infância que se desvanece aos poucos e a idade adulta que ainda não existe, contudo já começa a despontar no horizonte com promessas imprecisas.
Lembro que naquela época estava longe de imaginar ou ter algum tipo de desejo carnal, mesmo que os sonhos de um amor transformador e mágico inundassem meus pensamentos, esse encontro tão sonhado não ia, na minha mente, além de um beijo de amor, daqueles dos contos de fadas. Era tudo o que podia conceber e não me atrevia a ir mais longe desse fato nos meus devaneios.
Ah... Um beijo de amor! Como ele se torna transcendente aos nossos olhos ainda infantis!
E as estrelas? Nunca soube por que elas tinham tamanho fascínio, quando as imaginava como testemunhas do tempo, dos séculos e da vida, transformado-as nas mais íntimas confidentes que conheciam todos os meus segredos e pareciam responder minhas perguntas com um simples cintilar.
Uma noite estrelada pode encerrar um êxtase sem igual para nossos corações.
Agora adulta, dificilmente, olho para o alto para ver as estrelas, e nunca voltei a estabelecer essa conexão.
Em alguns baralhos do Tarô, “Esperança” é o nome dado ao arcano XVII, "A estrela", que retrata a parte mais bela de nossas almas que, a despeito de ter sofrido decepções e frustrações, ainda é capaz de esperar, de acreditar, de sonhar com uma vida de possibilidades felizes, onde o amor seja possível, apesar das dores e desapontamentos a que somos submetidos.
Muitas vezes, as decepções e as dificuldades da vida nos endurecem o que faz com que nos fechemos pelo medo de sofrer novamente. Isso infelizmente nos torna impermeáveis as impressões mais sutis, aos sentimentos mais puros e amorosos.
Vivenciarmos o arquétipo da "Estrela" é começarmos a nos ver como seres dignos e merecedores do amar, de amar e sermos amados, independente de como esse amor se manifeste, seja um amor de casal, ou as tantas outras formas em que o amor toca nossas almas, transformando-as.
Se observarmos essa lâmina do Tarô, ela retrata uma bela mulher totalmente nua, embaixo de um céu cravejado de estrelas, significando um despir-se de toda resistência, ficando vulnerável, despida de inibições e temores, aberta ao amor na sua mais alta expressão.
Bela, muito bela a simbologia da Estrela! Um vínculo com a esperança que nos faz renascer para uma vida sempre renovada.
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