Conviver com interrogações!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 21/03/2016 07:11:18
Com a rapidez com que as situações estão acontecendo, associado ao imediatismo, que é o querer, mas agora, não dão tempo para que o que se quer aconteça. Quer ser compreendido pelo outro, mas não aceita que ele tenha sua forma de ver as coisas e precisa de um tempo para refletir, então vira as costas e vai embora. Quer trocar o carro, mas não espera o memento mais adequado, remonta prestações e só depois vai correr desesperadamente para dar conta dos pagamentos e não perder o já feito, paga juros altíssimos e fica endividado. Entra em novo trabalho e já quer ser reconhecido para ser promovido, muitas vezes sem nem ter a capacitação para fazer jus à promoção. Pede demissão. E agora? Hoje? Onde o país se encontra frente a tantas incógnitas, o mundo corporativo todo em estado de alerta e extremamente cauteloso, a população desorientada, pois o modelo maior de um povo, o governo, encontra-se esfacelado. Esfacelar significa desfazer-se, corromper-se (instituição, privilégio etc.). O homem (ser humano) mais do que nunca necessita aprender a conviver com as interrogações, com a falta de respostas. É a única maneira de se reduzir a ansiedade que as incógnitas geram. Há muitas outras tentativas: agir precipitadamente; tomar ansiolíticos; entregar-se aos vícios, etc. Porém, só o saber esperar, o ter a paciência de viver um dia de cada vez, fazendo o que é possível hoje, olhando o amanhã com todas as possibilidades existentes e não se apegando a nenhuma. Ter seus planos de ação e ter também flexibilidade para mudanças nesses planos na medida em que a realidade pontua essa necessidade. É como o andar em “corda bamba”, o balanço expressa uma constante possibilidade de queda, mas é exatamente o que mantém o equilibrista sobre a corda. Querer enrijecer o corpo é queda certa. As não definições de uma situação tal qual estamos vivendo, com tantas informações e desinformações, denúncias e acusações, ações não tomadas onde se deveria e tomadas onde não é necessária, provoca um estado de insegurança de graves consequências. Não é a toa que estamos adoecendo e em massa. A insegurança fere uma das necessidades básicas do ser humano: segurança. Ela está em segundo lugar na pirâmide das necessidades de Maslow, psicólogo que desenvolveu a teoria das motivações. É posterior apenas às necessidades fisiológicas básicas: comer, beber, dormir. Ele expressa também que a sociedade é a principal responsável por dar condições ao homem de se estabelecer de forma segura. Mais do que claro que não é o que estamos vivendo. Portanto, o momento exige muita paciência, cautela e reflexão. Nos pede também a permanência em constante estado de atenção, pois oportunidades podem surgir repentinamente e só quem está alerta poderá aproveitá-las. Conviver com interrogações trás uma condição de suma importância em nossas vidas: propicia-nos o não viver o estado alarmista que toma conta daqueles que estão perdidos em suas não respostas, em suas crenças despropositadas e miraculosas. Essa postura consolida o saber que em um mundo temporal essa fase irá passar. A inquietude interna se torna tolerável e possibilita o caminhar sem grandes escorregões. É também uma excelente oportunidade para quem se propõe dominar os impulsos do ego. Pois se faz necessário o afastar de si melindres e sentimentos de ofensas, rejeições, hostilidades. Emoções presentes e reforçadas sempre que o contexto de vida se torna inseguro, pois se torna também ameaçador. Então com uma nova postura frente às não respostas, as ameaças perdem suas forças e consequentemente as inseguranças diminuem. Há uma melhora na confiança de que, não só iremos sobreviver como também termos a manutenção e a melhoria de uma vida em condições dignas e produtivas. Propicia também um aumento no exercício do amor e da fé, condições essenciais no fortalecimento pessoal.
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