Doar-se!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 25/09/2016 10:21:48
Marta (nome fictício) vem a longo tempo apresentando sinais de desanimo. Gosta do que faz e como vive. Não passa por dificuldades financeiras, pois sempre administrou bem seu salário, nunca gastando além do que ganha, ao contrário, todo mês retira um percentual que aplica e então faz suas despesas com o que fica. Como faz isso desde que começou a trabalhar possui hoje uma boa reserva que raramente mexe. O apartamento onde mora é seu e já está em fase final de pagamento. Tem se sentido incomodada ao perceber que sua colega de trabalho, Regina (também fictício), com muitos problemas e de todas as ordens, desde financeiro até familiar e afetivo, tem uma alegria de viver que lhe falta. Não tem por hábito invejar pessoas. Sempre que identifica algo que admira no outro busca verificar se realmente quer para si e se sim, o que necessita fazer para conquistar. Buscou aproximar-se de Regina para conhecê-la melhor. Não percebia nada de diferente até que foi convidada por ela, Regina, a acompanha-la em uma atividade voluntaria. Regina participava de um grupo que fazia visitas nos hospitais da cidade. Embora fosse religiosa, não era esse o intuito das visitas e sim passar alguns momentos a conversar com aqueles que se encontravam fragilizados pelas suas condições adoentadas. Marta ficou surpresa pelo entusiasmo que sua colega revelava e assim que ficaram sozinhas lhe perguntou como podia, com tantos problemas ainda ter disposição para ajudar pessoas e ainda por cima doentes, o que sempre desperta certa tristeza. Regina lhe disse que eram essas visitas que lhe dava animo para enfrentar seu dia-a-dia. Falou que suas dificuldades ficavam tão menores que ainda agradecia a Deus pelo que passava. Marta ficou pensativa por vários dias, até que sua vizinha de apartamento sofreu um acidente que a impossibilitava de se alimentar sozinha. Ofereceu-se para ajuda-la e todas as vezes que voltava de sua nova função sentia-se leve e com seu dever cumprido. Percebeu também que naturalmente estava dando maior valor a suas coisas, sua vida, enfim. Quando sua vizinha estava totalmente recuperada e não mais precisou de seu auxílio, entendeu que não lhe bastava apenas ter tudo em ordem e estar bem, precisava fazer algo que a fizesse se sentir útil aos demais. Seus olhos brilharam quando identificou a fonte de energia de Regina. Era a junção do coração com o doar-se a causas que valessem a pena. Tornou-se também uma visitante itinerante. Nessa sua nova disposição conheceu muitas pessoas com histórias de necessidades e enormes problemas e que nem por isso deixavam de fazer pelos demais. Todas eram unânimes em dizer que as necessidades alheias faziam-nas esquecer de suas necessidades, de seus problemas. Marta hoje participa de vários grupos que abraçam causas voluntárias e sente que sua vida se enriqueceu e muito. Seu companheiro aderiu a sua nova atividade, acompanhando-a onde quer que fosse. E como ela mesma diz: “Nem por isso nos tornamos fanáticos que abandonamos nossa própria vida, ela ganhou, não diminuiu!”. Por que isso acontece? Ao vermos os problemas alheios nós deixamos de dar pesos maiores do que realmente o que passamos tem. Lembrem-se do que já falamos: As coisas tem o tamanho da importância que atribuímos à elas. Ao relatar a história de Marta e Regina lembrei-me de um amigo muito querido e que tem poucas posses, luta sempre com o mínimo necessário para viver, apesar de todos seus esforços. Por onde passa é querido e as pessoas não querem que ele vá embora. Ele sempre tem um cumprimento dado com farto sorriso e palavras que enaltecem e estimulam seus interlocutores. Ele dá o que possui: a alegria de conviver com seres humanos e segundo ele mesmo diz: “Com cada um que me encontro recebo muito.” Você já observou que quando chega a algum lugar e cumprimenta os que lá estão com um lindo sorriso é bem recebido e atendido? Rever o significado de doação! Diferente do que muitos pensam, doar não é ficar sem, mas sim ganhar!
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