Escutar, falar, silenciar!
Atualizado dia 28/08/2016 11:47:01 em Almas Gêmeaspor Paulo Salvio Antolini
Observem o encontro de pessoas em uma festa. Passam horas a discorrer aparentemente sobre o mesmo assunto. Quando se separam um diz: “Ele nem sabe sobre o que está falando”, o outro pensa: “Agora ele entendeu o que eu quis dizer”. Outro ainda: “Sobre o que estavam falando tanto, não entendi nada”.
Escutar! Uma arte! Escutar não é apenas ficar quieto enquanto o outro fala. Mais do que estar calado é necessário um estado de quietude interior para estar aberto a absorver a ideia que está sendo passada. Para bem escutar é necessário se desprender temporariamente de todas as ideias próprias sobre as pessoas e os assuntos em questão. Exige o aquietamento mental, pois se isso não ocorrer será como o cruzamento de linhas telefônicas de antigamente: várias e distintas conversações onde frases misturadas e interrompidas se perdem num estado confuso e que desperta grande irritação.
Quem escuta verdadeiramente, na sequência, faz perguntas esclarecedoras sobre o que o outro disse. Só então, após rápida reflexão sobre o que foi dito, faz seus comentários e expõe sua opinião a respeito.
Falar! Outra arte! Expressar o que pensa ou o que sente deve ser tratado com um cuidado muito grande, como se estivesse passando um recém-nascido de seu colo para o de outra pessoa. Como se estivesse transportando uma bandeja com cristais valiosos e raros.
Falar bem exige um cuidado com o conteúdo que vai transmitir assim como com a forma que vai utilizar. O conteúdo é o “o que” vai ser dito. A forma é o “como” vai ser dito. Já falamos em outros textos que na grande maioria das vezes as pessoas têm razão no que estão dizendo, mas a perdem na forma como dizem.
Nos dias atuais esse problema está agravado pelo afastamento das pessoas quanto aos significados das palavras. A falta de leitura, o uso de gírias, a desatenção com as informações recebidas e muitas outras razões estão levando as pessoas a não saberem quais palavras dizem o quê. Quando questionadas a respeito, respondem simplesmente “você sabe o que eu quis dizer”, saída estratégica para não assumir sua dificuldade de expressão.
Outra dificuldade que tem se revelado é a falta de objetividade. O querer dizer uma coisa sem ser direto. “Não quero magoar”. Outras vezes na falta de coragem de falar, dizem “ela é inteligente e vai entender”. O despreparo para encarar situações que são duras por si só. O constrangimento só piora as situações.
O orgulho também entra em pauta quando se está com dificuldade de falar o que é necessário, o que está incomodando. Costumam dizer: “Ele tem que perceber, eu não tenho de falar”. Só que o outro não sabe por que está sendo tratado de forma diferente. Não identifica o que está incomodando tanto o outro.
Silenciar! A mais nobre das artes da comunicação! O silêncio muitas vezes grita muito mais do que qualquer reação explosiva que se possa ter. Quando se diz algo realmente importante, o silêncio é a melhor forma de realçar o que foi dito. Ficar repetindo apenas desvia o foco do que se quer realçar.
Apenas no silêncio é possível refletir. Só nele os pensamentos podem fluir livremente. O silêncio não é apenas o calar as palavras, mas também o acalmar dos pensamentos, podendo assim, escutar-se a si mesmo. “Estava tão distraído quando tive essa ideia!” De fato a pessoa estava com a mente aquietada e então pôde se escutar.
Quando há um problema a nos perturbar e a busca de sua solução não nos parece algo simples, silenciar frente ao assunto possibilitará que surjam as indicações para sua superação.
Escutar! Falar! Silenciar! Nobres artes a serem praticadas. Experimente!
Texto revisado
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