Estar ácido!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 4/24/2016 9:04:45 AM
Fim de semana. Momentos de tranquilidade e descanso, ele recebe em sua casa pessoa a quem dedica grande estima e consideração. A conversa flui prazerosamente. Como sempre sobre temas que são de interesse comum. Em determinado momento ele muda o teor da conversa e pergunta sobre algumas pessoas conhecidas em comum. Após breve resposta, começa a tecer comentários ácidos, a empregar termos até pesados ao se referir a elas, as pessoas citadas. Quando da despedida, ficou com uma sensação estranha e sua companheira lhe disse tê-lo percebido muito critico. Bingo! Bastou para ele tomar consciência do quanto havia sido ácido em seus comentários. Não era seu hábito fazer criticas da forma como tinha feito. Seus comentários até tinham embasamento, porém foram carregados de maledicências pelas palavras proferidas, o que desvirtua toda e qualquer manifestação. Tinha algumas atitudes a tomar. A primeira delas era o de se desculpar com seu interlocutor, pois havia dado ao momento uma conotação não desejada por ambos, mesmo tendo feito. Segundo, avaliar sua conduta e encontrar as razões internas que o levaram a essa situação. Não precisou de muito esforço para perceber que agira despeitadamente, pois tinha sabido que havia sido alvo de comentários críticos e improcedentes por parte de algumas destas pessoas. Despeito é um ressentimento causado por ofensas ou invejas, neste caso, apesar de ter achado que os comentários não mereciam atenção, inconscientemente ele sentiu-se ofendido. Comentários ácidos corroem. Não faz bem a quem emite e deixa o ambiente dissonante, ficando uma energia pesada no ar. Quando desse relato fiquei a refletir sobre o quantas vezes nós achamos que deixamos “passar batido” algo e que, mais tarde, isso se manifesta de formas distorcidas. Não “passou batido”. Marcou e muito. Gerou uma intensa emoção negativa que no momento da ocorrência não foi identificada. Não ter o fato no plano da consciência não significa que esse mesmo fato não esteja interferindo em nossas ações. E está da pior forma, a inconsciente, pois não se tem o controle sobre elas. O ser humano vive se pregando peças e essa é uma delas. O querer não se deixar atingir e ser diferente, até mesmo superior àqueles que falam sobre nós propicia essa cegueira emocional e mental, pois camufla as emoções e firma uma ideia de que nada de importante aconteceu. Em determinado momento, aparentemente do nada é acionado o gatilho que destrava todas as emoções retidas e disfarçadas, vinda à tona de forma estúpida e cruel. Ser estúpido é agir entorpecidamente, insensivelmente. É ser bruto, grosseiro, indelicado. Vale a pena o observar-se e buscar identificar os momentos em nossas vidas onde agimos assim. Analisar as consequências, o quanto de mal-estares aconteceu. O quanto de ferimentos foi causado não só nas pessoas que deram origem a essas situações, mas também àquelas que convivem conosco. “Se a vida lhe der um limão, aproveite e faça uma limonada.” Bonito de falar e saborosa para ingerir. Mas antes se faz necessário identificar as características cítricas que permitimos tenha sido colocado em nós. Somente quando identificamos o que estamos sentindo clara e objetiva é que podemos manter o equilíbrio emocional e agirmos ponderadamente. Quando da abertura de cenário ocorre um grande mal estar para aquele que assim agiu. Não poderia ser diferente. Admitir um comportamento reprovável para si mesmo nunca é agradável. É sábio! Pois propicia o afastamento dos sentimentos de culpa que tentam se instalar e dão lugar à responsabilidade por sua ação. No ciclo da vida erros são aprendizagem. Os que mais doem são os que mais ensinam. A vergonha que se sente é o espelho que lhe revela a imagem doída interior. Possibilita o se tratar!
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