Eu tenho razão, porém estou errado!
Autor Paulo Salvio Antolini
Assunto Almas GêmeasAtualizado em 20/11/2017 10:17:21
Contraditório? Sim e não!
Sim! Eu estou certo. Em um compromisso e com hora marcada chegamos rigorosamente no horário. Aliás, cinco minutos antes. Tivemos que esperar pela pessoa mais de dez minutos e ela chegou com outra, as duas rindo e voltando do café que haviam ido tomar. Sim, eu tinha razão em ficar irritado, pois em quase quarenta e dois anos de consultório, apenas cinco vezes me atrasei. Quatro vezes porque não podia deixar o cliente sair sem um fechamento para o que estava vivendo na sessão e uma vez por um problema de saúde meu, um desarranjo intestinal que me tomou uns dez minutos do horário marcado. Então tenho o direito de ficar irritado quando ocorrem atrasos por displicência das pessoas. Não adianta me dizerem que sou muito rígido, muito radical. Horário é uma referência usada e que deve ser cumprida.
Não! Não é contraditório porque quem sofre com essa forma de ser sou eu. Quem não tem o compromisso com o outro ainda reclama das queixas que são feitas a seu respeito. “Que mal tem eu me atrasar dez ou quinze minutos?”. “Ele que é um neurótico.”. E continua em sua irresponsabilidade com o que não acha um compromisso.
Quantas vezes me deparo com pessoas que, como eu, sofrem por se verem desrespeitadas e não conseguem se desprender das emoções que isso lhes causam. A dificuldade na aceitação de que não é possível mudar os outros, só a si mesmo, então insistir nessa tentativa é um erro.
Busquem outras situações além da exemplificada onde isso ocorre e analisem com desprendimento das emoções geradas. Então nos deparamos com algo desafiador; buscar formas de lidar com pessoas ou situações que nos geram essas emoções.
Para tanto é necessário sairmos da postura confortável que o “tudo certo” nos dá. É comum escutarmos “mas não devia ser assim.”. Atentem para o verbo: “devia”, pertence ao passado, hoje, momento presente, está sendo e é ai que devemos nos deter e buscarmos formas de agir.
No exemplo acima simplesmente não iremos repetir o combinado, mas há situações que é impossível ou por demais complicado simplesmente se afastar. Eis a necessidade de exercitarmos nossa humildade. Exemplo? Aquela consulta médica com hora marcada cujo médico além de grosso atrasa infinitamente. Mas é único. É excelente no que faz. Revestimo-nos de paciência e termos como foco o que nos leva até ele nos fará nos sentimos menos mal. Inclusive possibilitará a percepção que essa conduta não é de fato um desrespeito a nós, mas a ele próprio em sua prepotência associado a sua incapacidade de interagir com o meio.
A esposa combinou com se marido irem ao shopping para compras. No meio do caminho ela “inventa” de levar sua mãe, o que acarreta um grande desvio de caminho. Ele apesar de ceder, fica extremamente irritado por todo o tempo, pois ela fugiu ao combinado. Mesmo sua sogra sendo uma pessoa agradável, divertida e, portanto, ótima companhia, passa todo o tempo “ruminando” seu rancor. Ele desperdiçou uma tarde toda que poderia ter sido agradável.
Quantas vezes uma palavra do outro causa um mal entendido ou mesmo sendo mal colocada foi suficiente para “azedar” seu passeio, seu dia, seu encontro, enfim, o momento que estava vivendo? Você quer ser feliz ou ter razão? Frase conhecida e até com livro escrito sobre. Se olharmos com desprendimento e transparência veremos que o número de vezes em que a razão tem que predominar é infinitamente inferior ao deixar a situação passar e buscar formas alternativas para lidar com isso. Opto por falar o que é necessário e deixar de lado o que só me prejudica.
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