Mendicância do amor!
Atualizado dia 8/14/2017 8:21:03 AM em Almas Gêmeaspor Paulo Salvio Antolini
Ao conversarmos sobre sua descoberta, foi percebendo que não era a única que agia assim. Identificou em sua família os mesmos comportamentos. Sua mãe, uma prima muito próxima e também em algumas colegas de trabalho. Durante um bom tempo, ela tentou se convencer que o que observava nas outras pessoas era diferente do que ela fazia.
Em seu caso, considerava que estava apenas compartilhando com seu companheiro e também com as pessoas com que convivia, levando em conta os gostos e desejos deles. Não identificava que os nós na garganta e os apertos no peito eram manifestações da opressão que fazia consigo mesma. Até aquela sessão... Sessão que teve o silêncio ocupando a maior parte do horário. Não era momento de se dizer nada, pois o que havia sido dito por ela iria ainda ecoar por um bom tempo. Era necessário esse silêncio para a interiorização e absorção do descoberto. Descobrir que praticamente tudo que faz é para agradar os outros e com isso “comprar” sua aceitação e carinho é algo estarrecedor, horrível. Traz junto a descoberta de uma baixíssima autoestima. É descobrir também a inexistência de dignidade pessoal, condição para que exista o respeito próprio.
Nas semanas seguintes, ela viveu turbilhões de emoções e descobertas. Percebeu-se distante das pessoas e assustou-se com isso. Porém, logo notou que esse isolamento lhe era necessário para se recompor internamente. E isso estava acontecendo. Conforme foi deixando transparecer seus verdadeiros sentimentos, percebeu também que as pessoas se mostravam surpresas, mas aceitando-a em sua nova forma de ser, inclusive sendo elogiada por isso. “Meu marido me disse que não sabia o que estava acontecendo comigo que eu estava diferente, mas que estava gostando muito dessa transformação”.
Joelma é a caricatura de muito de nós que, na busca da aceitação alheia, rejeita a si próprios. Alguns se tornam inclusive “pegajosos”, outros ficam possessivos ao extremo, outros ainda passam a ser eternos e vorazes cobradores de atenção, pois todos querem obter o retorno por terem renunciado a si mesmos.
“Tentei agradar e ainda me dei mal”. Eis uma frase que, se muito repetida, deve despertar em quem a diz, se não está tentando “comprar” amor, carinho, atenção. Fica também um alerta àqueles que, sem perceber, reforçam esse tipo de comportamento. Como isso ocorre? Quando não é dado o devido reconhecimento às pessoas, quando só acontece se a outra se desdobrar além do normal para aí, sim, escutar uma palavra de agrado. Todos necessitamos de aceitação e acolhimento. Todos precisamos reconhecer primeiro nossos próprios valores para não necessitarmos buscá-los doentiamente. Pensem sobre isso.
Texto Revisado
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