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Mulher triste

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Autor ALZiRiTA

Assunto Almas Gêmeas
Atualizado em 7/12/2008 2:48:05 AM


Maria Madalena é uma triste mulher que viveu a vida sem viver. Ela é conhecida na cidadezinha onde nasceu como Dona Doida.

Prisioneira entre quatro paredes em um pequeno quarto no sótão de uma velha casa situada em uma rua estreita de terra batida, lá pras bandas do fim do mundo, a mulher passa os dias e as noites matutando sobre as únicas amigas que habitam seu coração: a insônia, a tristeza e a solidão.

Em vão, dia e noite ela desliza pelos meandros de sua memória sem memória a procura de um fato alegre, feliz, pequenino que seja para alimentar e adocicar sua alma gelada como o corpo de um moribundo que se despediu da vida. O olhar triste e desesperado de Maria Madalena é idêntico ao de uma mulher, chamada Maria, que assistiu sem nada poder fazer, seu querido filho ser pregado por seus algozes numa cruz no alto de uma colina. Ah, indefesas e sofridas Marias...

Clara, amiga dos pais da mulher triste, testemunha ocular do drama que consumiu Dona Doida, relata os acontecimentos que seguem. Diz ela:

"Quando menina, Maria Madalena adorava nadar no rio que passava e ainda passa pertinho da casa dela. Certo dia, enquanto boiava observando os desenhos formados pelas nuvens, a menina assustou-se ao ver o céu cerrar suas portas ao pressentir o vendaval que se aproximava. De repente, a bela manhã ensolarada transformou-se em um entardecer colérico com trovoadas e relâmpagos que imprimiam no céu silhuetas em forma de dragões, numa coreografia ao mesmo tempo bela e aterrorizante. Chovia grosso e como chovia!

Assustada com o perigo que corria, pois sabia que a água atraia os raios, a menina começou a nadar sofregamente em direção à margem do rio. Infelizmente, quando conseguiu alcançar o seu objetivo, um raio caiu perto dela atirando-a desacordada ao chão. Os pais da criança correram para socorrê-la e desesperados, pois não conseguiam despertá-la, levaram-na para o único e precário ambulatório existente na região. Eternos minutos passavam indiferentes à ansiedade e angústia dos pais, ávidos por notícias da única e amada filhinha. Ah! tempo ingrato às dores alheias..."

"Para tristeza dos familiares e amigos, o médico, depois de minuciosos exames, disse aos pais que a menina não teria uma vida normal, pois a memória havia sido afetada e com o passar dos anos, infelizmente, tenderia ao esquecimento total dos fatos diários vividos. Nadar no rio, ah!... Nunca mais nadou. Sair de casa para passear... Raramente aventurava-se. Quando jovem, encantou-se com um rapaz, seu primeiro e único namorado, que após engravidá-la, pegou uma carona com o vento passante e evaporou-se! Após o abandono, a moça-mulher, fechou-se em si mesma e em sua casa para sempre. Sua frágil memória desconectou-se da realidade. E assim viveu Maria Madalena: ora dias nublados, ora dias imaginários. Dias reais... Sabe-se, lá!?""

Anos se passaram... D. Doida, hoje, só, pois o tempo perfeccionista e milimetricamente pontual e impessoal que para os mais jovens, caminha lentamente como o rastejar de uma lesma e para os mais velhos, torna-se galopante como o voo do mítico cavalo alado, levou na calada da noite, seus queridos pais para o desconhecido mundo sem volta, denominado, infinito.

Em relação ao acidente de outrora, D. Doida desenvolveu uma peculiar rotina que até a presente data, repete e repete como um cão amestrado: sempre que chove grosso e ouve os estrondos de trovões, ela corre para fechar as janelas e portas da casa, sobe apressada a velha escada com seus degraus de madeira gastos pelo tempo, caminha em direção ao seu quartinho querido e se joga em sua cama cobrindo-se atabalhoadamente com a surrada colcha de retalhos que generosa, acoberta seus medos e seus constantes pesadelos. E assim, permanece imóvel até a chuva abrandar e o seu coração serenar. Dias, meses, anos transcorreram à deriva como um barco sem rumo perdido na imensidão do mar... Coincidentemente numa noite de chuva grossa com relâmpagos cortando o céu, o coração frágil de passarinho de D. Doida, devagar, devagarzinho... Silenciou.

Durante o velório, Clara, a acompanhante e amiga fiel, relatou um fato que comoveu os amigos que vieram dar o derradeiro adeus à mulher triste. Emocionada, começou a falar:

"Minutos antes de morrer, eu e Maria Madalena estávamos sentadas no sofá da sala ouvindo música. Ao ouvir a música: "Paz do meu amor", ela olhou para mim com os olhos marejados de lágrimas. Seu rosto resplandecia felicidade e para surpresa minha, ela disse":

- Minha amiga... Estou lembrando-me do nascimento dos gêmeos, meus filhinhos queridos João e Maria! É um milagre. Ah, meu Deus! Meus filhinhos... Tão lindos...! Quero ver meus filhos, chame-os! Por favor! Estou voltando agora, ao mundo dos vivos depois de vinte e cinco anos de esquecimento. O medo afastou-se de mim. Trovões e raios não mais me apavoram. A partir de hoje, Clara, eu lavo toda a minha amargura nas poças d águas formadas pelos pingos de chuva grossa. Amiga, tenho pressa! Vá buscar meus filhos! Meu coração está explodindo de alegria e celebração! A felicidade é tamanha que chega a doer! Ai, como dói... Como dói! É demais, demais a pressão que sinto no peito. Ahhhhh...

"Foram às últimas palavras proferidas pela minha amiga querida. Acredito piamente, que Deus foi complacente. Seria desastroso e doloroso ela saber que os gêmeos nasceram prematuramente com complicações várias, vindo a falecer após sete meses de vida".

E assim, partiu Maria Madalena para renascer na imensidão da eternidade. Ela que viveu envolta pela tristeza, insônia e solidão, morreu ao vivenciar um único e lúcido momento de felicidade.

Como, explicar o imponderável?



(Música ambiente: "A paz do meu amor". Prelúdio 2 - Luiz Vieira)




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Musicoterapeuta, Radiestesista e Escritora. Criou o Portal SER - Saúde, Energia & Resgate / Centro de Qualidade de Vida & Desenvolvimento Humano, com a intenção de proporcionar recursos de informação para as pessoas que buscam o autoconhecimento. E-mail: [email protected] | Mais artigos.

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